O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, disse esta quarta-feira que tornar o Brasil num aliado externo da NATO, posição defendida pelo presidente norte-americano, é "absolutamente fundamental" para recuperar a capacidade de defesa do país.
"A declaração do Brasil como um aliado preferencial extra-NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) é algo absolutamente fundamental para a recuperação da nossa capacidade e indústria de defesa", disse Ernesto Araújo numa conferência de imprensa em Brasília, capital brasileira, após regressar de uma deslocação oficial aos Estados Unidos da América.
O governante adiantou que essa aproximação à NATO ajudará o Brasil a impor-se a nível regional, a ser um "grande parceiro no mundo", e "a melhorar a tecnologia militar e as capacidades de defesa", que, no seu entender, estão a diminuir "há muito tempo".
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que o Brasil poderia ser um aliado externo da NATO, ou mesmo interno à organização, depois de uma reunião com o seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro.
No entanto, a França afirmou hoje que não é viável a sugestão feita por Donald Trump, de apoiar a entrada do Brasil na NATO.
"A NATO é uma aliança de nações vinculadas por uma cláusula de defesa coletiva cujo tratado assinado em 4 de abril de 1949 define o escopo geográfico de sua aplicação", disse Agnes von der Mühll, porta-voz do Ministério de Negócios Estrangeiros francês.
O artigo 10.º do tratado fundador da Aliança Atlântica só permite a inclusão de novos países-membros da Europa, o que impediria a entrada do Brasil no grupo, a menos que uma revisão complexa do texto seja feita.
O chefe da diplomacia brasileira considerou, contudo, que o Brasil é um país com "condições de ser um aliado da NATO", mesmo que seja através do "estatuto de aliado preferencial" dos Estados Unidos.
Além dos seus 12 países fundadores (Estados Unidos, Bélgica, Canadá, Dinamarca, França, Grã-Bretanha, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Holanda e Portugal), juntaram-se à NATO ao longo dos anos outros 17 países, sendo que todos os novos membros são europeus.