Incontinência urinária é um problema que afeta 600 mil portugueses, mas apenas 10% pede ajuda médica.
O Dia Mundial da Incontinência Urinária assinala-se esta quinta-feira, dia 14 de março. A Associação Portuguesa de Urologia (APU) estima que 600 mil portugueses sofram de incontinência urinária. Esta problemática, que atinge maioritariamente mulheres, está ainda subdiagnosticada, sendo que apenas 10% dos doentes que pedem ajuda médica.
No Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), em Penafiel, os vários tipos de incontinência urinária, os diferentes tratamentos e as problemáticas da patologia foram debatidos na terça-feira, numa sessão que contou com a presença de profissionais da área e de doentes.
Segundo a APU, a patologia afeta cerca de 33% das mulheres e 16% dos homens, podendo manifestar-se em crianças, adultos e idosos. Pode ter origens diferentes, estando atualmente identificados três tipos: incontinência urinária de esforço, genética e neurológica.
Segundo Rogério Pacheco, enfermeiro-chefe do Serviço de Urologia do CHTS, esta doença está "subdiagnosticada uma vez que as pessoas têm vergonha, há uma certa dificuldade das pessoas em procurarem ajuda médica", sendo que só 10% o fazem.
No CHTS, são seguidos os casos mais graves, encaminhados da especialidade de Medicina Geral e Familiar. "Os casos mais frequentes são de mulheres com doença incontinência urinária de esforço e os casos de incontinência urinária por alterações neurológicas, em jovens, geralmente por traumatismos ou por esclerose múltipla, e nos mais idosos", afirmou Joaquim Lindoro, diretor do serviço de Urologia daquela unidade.
Doença tem tratamento e cura
A idade é um fator preponderante no agravamento da incontinência urinária, mas esta é uma doença que, dependendo da sua origem, pode ter uma taxa de cura muito elevada. "É uma doença que tem tratamento e, me muitos casos cura, dependendo da causa", explicou Joaquim Lindoro.
O tratamento mais comum e simples prende-se com uma cirurgia, realizada maioritariamente nos casos de incontinência urinária de esforço. Aqui, a taxa de cura é de 90%, através de uma intervenção simples.
"Já na incontinência urinária por causa neurológicas, a situação é diferente - há mais dificuldade em tratar, já não é possível tratamento cirúrgico, sendo acessível a tratamento farmacológico e a tratamento de reabilitação perineal", referiu o diretor da Urologia, dando conta de que o hospital tem recorrido ao uso de botox no tratamento de casos mais sérios de incontinência urinária, mais ligados ao envelhecimento.
No ano passado, o CHTS operou cerca de 100 casos de incontinência urinária de esforço e utilizou o botox em cerca de 20 doentes. Atualmente, por semana, o serviço realiza 30 a 50 consultas.
Hipnose no tratamento da incontinência urinária
A sessão de trabalho que reuniu profissionais e doentes no CHTS, no passado dia 12 de março, teve como "grande foco e objetivo" "debater o problema de uma forma séria, uma forma aberta, de forma a que chegue ao maior número de pessoas e elas se sintam à vontade para debater este problema com os profissionais", afirmou Rogério Pacheco.
Durante o encontro, um enfermeiro do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia trouxe para cima da mesa uma nova forma de tratamento da doença, a aplicar sobretudo nas crianças - a hipnose. "É uma grande novidade. Já está a ser usada em criança e o enfermeiro já se propõe tratar adultos da mesma forma", salientou Joaquim Lindoro, defendendo a necessidade de inovar e dar respostas às necessidades da população.
O profissional afirmou que o serviço que lidera "tem respondido de forma capaz às necessidades da população". "De uma maneira geral, vamos respondendo com o sucesso possível e com muito sucesso, em alguns casos, a todos os mais graves que se nos apresentam", rematou.