Oito meses por uma consulta e outros oito meses de espera pela cirurgia. Portanto, 16 meses até uma intervenção, se for esse o caminho definido pelo médico para resolver o problema. Este é o balanço da Entidade Reguladora da Saúde sobre o tratamento que é dado à obesidade no Serviço Nacional de Saúde, segundo o estudo "Cuidados de Saúde no SNS na área da obesidade", divulgado esta quarta-feira.
De acordo com os dados analisados em 2017, pode ler-se, os utentes intervencionados cirurgicamente para tratamento de obesidade num hospital do SNS esperaram, em média, oito meses, desde a data de entrada para a lista de inscritos para a cirurgia até à cirurgia propriamente dita.
Acresce que, em média, já terá esperado igualmente oito meses pela consulta de cirurgia, "perfazendo uma espera total de 16 meses". A área da obesidade é ainda a que apresenta "o pior desempenho relativo, quando comparada com outras especialidades".
Recorde-se que a obesidade em Portugal atinge cerca de 17% da população: sobretudo mulheres de estratos sociais baixos. E apesar de estar prevista uma abordagem integrada à obesidade no SNS, que prevê a sinalização precoce e o acompanhamento em consulta nos cuidados primários, a capacidade de resposta dos serviços tem sido "diminuída", refere o estudo, como prova a constatada carência de nutricionistas - 15 Agrupamentos dos Centros de Saúde (ACES) não disponibilizam qualquer nutricionista.
Também no tratamento desta doença, a disparidade entre regiões é gigante. Os hospitais do SNS que acompanham estes doentes estão sobretudo concentrados nas regiões Norte e Lisboa Vale do Tejo.