Os Estados Unidos impuseram, na sexta-feira, sanções económicas a vários altos responsáveis das forças armadas e de segurança da Venezuela próximos do Presidente contestado por Washington, Nicolás Maduro, por obstrução de ajuda humanitária destinada aos venezuelanos.
"Estamos a sancionar membros das forças de segurança de Maduro em resposta à violência repreensível, às mortes trágicas e à destruição pelo fogo inconcebível de alimentos e de medicamentos destinados aos venezuelanos que estão doentes e com fome", referiu o secretário do Tesouro norte-americano (equivalente a ministro das Finanças em Portugal), Steven Mnuchin, num comunicado.
As novas sanções de Washington abrangem um total de seis altos responsáveis das forças armadas e de segurança venezuelanas: os generais Richard Jesús López Vargas, Jesús María Mantilla Oliveros, Alberto Mirtiliano Bermúdez Valderrey e José Leonardo Norono Torres; o comissário-chefe das Forças de Ações Especiais (FAES), José Miguel Domínguez Ramírez, e o diretor da Polícia Nacional Bolivariana (PNB), Cristhiam Abelardo Morales Zambrano.
O Departamento do Tesouro norte-americano frisou que o bloqueio "de camiões e navios carregados de ajuda humanitária" representa "o mais recente exemplo da instrumentalização do regime ilegítimo (de Maduro) da entrega de alimentos e de bens essenciais para controlar os venezuelanos vulneráveis".
A administração norte-americana liderada pelo Presidente Donald Trump, que contesta Nicolás Maduro e reconhece o opositor Juan Guaidó como Presidente interino venezuelano, já afirmou que não descarta nenhuma opção, inclusive militar, para lidar com a crise venezuelana.
E o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, já chegou a declarar que "os dias de Maduro estão contados".
A entrada de ajuda humanitária, especialmente os bens fornecidos pelos Estados Unidos, no território venezuelano tem gerado nos últimos dias um braço-de-ferro entre Juan Guaidó e Nicolás Maduro e situações de grande tensão nas fronteiras com a Colômbia e o Brasil que provocaram, segundo os últimos dados oficiais, pelo menos cinco mortos.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o presidente da Assembleia Nacional (parlamento), Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
Os mais recentes dados das Nações Unidas estimam que o número atual de refugiados e migrantes da Venezuela em todo o mundo situa-se nos 3,4 milhões.
Só no ano passado, em média, cerca de 5.000 pessoas terão deixado diariamente a Venezuela para procurar proteção ou melhores condições de vida.