O Ministério Público de Paris abriu uma investigação sobre a alegada agressão sexual do núncio apostólico em França Luigi Ventura a um trabalhador municipal durante uma cerimónia.
Confirmando a notícia avançada esta sexta-feira pelo jornal "Le Monde", uma fonte judicial referiu à gência Associated Press (AP) que a investigação incidirá sobre o núncio apostólico (representante diplomático permanente da Santa Sé) e estará a cargo da Polícia parisiense.
Contactado pela AP, a câmara municipal de Paris não fez qualquer comentário até ao momento.
Entretanto, o porta-voz da nunciatura apostólica no Canadá afirmou hoje que também recebeu uma denúncia de agressão sexual contra o bispo Luigi Ventura quando este desempenhava o cargo de núncio naquele país.
O porta-voz confirmou à agência Efe a informação divulgada pela publicação religiosa "Présence" de que o atual núncio apostólico no Canadá, o bispo Luigi Bonazzi, revelou a existência de uma denúncia contra Luigi Ventura.
Bonazzi também indicou que comunicou ao Vaticano a existência desta denúncia, que se junta assim a outras pelas quais Ventura está a ser investigado em França.
A alegada vítima - Christian Vachon - denunciou à nunciatura que os factos ocorreram a 26 de julho de 2008, quando tinha 32 anos, na Basílica de Sainte-Anne-de-Beaupre, perto da cidade de Quebec.
Vachon, que integrava a equipa pastoral da basílica, explicou no seu relatório, que as ações do núncio apostólico e as suas tentativas subsequentes o deixaram "chocado" e "indignado".
Ventura, italiano de 74 anos, foi ordenado padre em 1969 e promovido a bispo em março de 1995. Foi designado núncio apostólico em França em setembro de 2009 pelo papa Bento XVI após servir como núncio na Costa do Marfim, no Burkina Faso, no Níger, no Chile e no Canadá.
Quando completar 75 anos, em dezembro, terá de se aposentar, como acontece com todos os bispos, mas o papa tem a faculdade de poder prolongar ligeiramente o mandato de quem atinge o limite de idade.
Ventura é o terceiro diplomata do Vaticano a ser acusado de má conduta sexual. Em junho de 2018, o tribunal do Vaticano condenou Carlos Capella a cinco anos de prisão, por posse e divulgação de pornografia infantil. Em 2013, acusou o seu embaixador na República Dominicana Jozef Wesolowski de abuso sexual de rapazes, tendo este sido afastado da igreja, mas morrido antes de ser levado a julgamento.