Os funcionários públicos recebem o salário de fevereiro a partir de quarta-feira, mas ainda não é este mês que a subida da remuneração base para 635,07 euros será paga aos cerca de 70 mil trabalhadores abrangidos.
O decreto-lei que coloca a nova base remuneratória da administração pública nos 635,07 euros foi aprovado em 24 de janeiro em Conselho de Ministros e promulgado na segunda-feira pelo presidente da República - que expressou dúvidas sobre esta opção política -, mas como os salários deste mês já foram processados, a atualização só acontecerá mais tarde.
Só quando o diploma for publicado entrará em vigor com efeitos retroativos a janeiro de 2019 e deverá abranger, segundo o Governo, cerca de 70 mil funcionários públicos.
"As remunerações dos trabalhadores apenas começam a ser pagas em conformidade com a proposta do Governo, quando o respetivo diploma for publicado em Diário da República e entrar em vigor, o que até ao momento não sucedeu", disse fonte do Ministério das Finanças à Lusa.
O diploma tem sido contestado pelos sindicatos, que acusam o Governo de criar situações de "injustiça", uma vez que a subida para os 635,07 euros fará com que a maioria dos funcionários não tenha qualquer aumentoem 2019 e faz com que haja perda dos pontos obtidos na avaliação de desempenho que dariam direito a progressões.
A remuneração base da administração pública correspondia até agora ao valor do salário mínimo nacional, que este ano é de 600 euros. Segundo o Governo, o custo da subida da base remuneratória da administração pública é de cerca de 50 milhões de euros. Caso o executivo tivesse atualizado a base remuneratória para 600 euros, o custo dessa atualização seria de 20 milhões de euros, segundo fonte das Finanças.
Marcelo promulga mas com dúvidas
O presidente da República anunciou, na segunda-feira, a promulgação do diploma, "apesar das dúvidas que uma opção política desta natureza sempre suscita, nomeadamente no tratamento similar de situações porventura diversas, na preterição de outros escalões administrativos e na comparação com o salário mínimo nacional", que atualmente é de 600 euros.
Marcelo Rebelo de Sousa justificou a sua decisão com o entendimento de que "a não promulgação implicaria mais um sacrifício para uma fração da Administração Pública muito significativa em número e, sobretudo, em rendimentos recebidos".