O líder supremo iraniano afirmou, esta sexta-feira, que o país não deve confiar na União Europeia (UE), alguns dias após o lançamento pelos europeus de um sistema que permite contornar as sanções norte-americanas contra Teerão.
"Há discussões atualmente sobre os europeus e as suas propostas. O meu conselho é que não devemos confiar neles, assim como nos norte-americanos", disse o ayatollah Ali Khamenei segundo o seu "site" oficial.
"Não digo que não devíamos ter relações com eles. É uma questão de confiança", adiantou durante uma reunião com responsáveis das forças armadas iranianas no âmbito das celebrações do 40.º aniversário da revolução islâmica.
Paris, Berlim e Londres anunciaram no final de janeiro a criação de um mecanismo para permitir às empresas da UE negociarem com o Irão, apesar das sanções económicas restabelecidas em 2018 pelos Estados Unidos, após a decisão do presidente Donald Trump de saída do acordo internacional sobre o nuclear iraniano de 2015.
O Irão saudou então "uma primeira etapa esperada", mas considerou "inaceitável" ligar o funcionamento daquele sistema a exigências relativas à luta contra o branqueamento de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.
O Líder Supremo também criticou a Europa sobre a questão dos direitos humanos, referindo nomeadamente o modo como o governo francês tem lidado com as manifestações dos "coletes amarelos".
"Eles atacam manifestantes nas ruas de Paris (...) depois têm a audácia de nos fazerem pedidos sobre os direitos humanos", disse.
Em relação aos Estados Unidos, o Líder Supremo disse que o Irão continuará a gritar "Morte à América" enquanto Washington persistir na sua política considerada hostil, tendo o cuidado de sublinhar que o slogan não visa o povo norte-americano.
"Morte à América significa morte a Trump, John Bolton (conselheiro da Casa Branca para a segurança nacional) e (secretário de Estado Mike) Pompeo. Significa morte aos dirigentes da América (...) Não temos nada contra o povo norte-americano", referiu Khamenei.
No seu discurso esta semana sobre o Estado da União, Trump declarou: "Não vamos desviar os nossos olhos de um regime que canta morte à América".