Um jovem venezuelano de 20 anos, detido desde 2017 por participar em protestos contra o presidente Nicolás Maduro, morreu, na quarta-feira, numa prisão do Estado de Lara, onde estava detido.
A morte de Virgilio Jiménez Urbina foi confirmada pelo Observatório Venezuelano de Prisões (OVP). "Foi transportado na terça-feira à tarde à emergência do Hospital Central Antonio María Pineda. Apresentava-se muito desidratado, com perda de líquidos, coágulos no sangue e uma hemorragia", apontou a organização, citada pelo "El Universal".
É o oitavo recluso a morrer naquela prisão desde o início do ano
De acordo com o jornal venezuelano, Virgilio foi o oitavo recluso a morrer desde o início do ano no Centro Penitenciário David Viloria, mais conhecido por prisão de Uribana, por problemas de saúde e falta de assistência médica. Em todo o Estado de Lara, morreram 12.
Yoliani Uzcátegui, irmã de Virgilio, denunciou ao Observatório as condições a que era submetido o irmão, que não via desde dezembro. Há duas semanas, Virgilio telefonou para casa, disse que estava com febre alta, pediu medicamentos e comida, alegando que a que lhe era servida vinha com baratas e, às vezes, vermes, relatam vários jornais regionais e o espanhol "El País".
Yoliana levou os remédios ao irmão, mas não foi autorizada a entrar nem a fazer-lhos chegar no imediato. O jovem só recebeu os medicamentos quatro dias depois. No sábado seguinte, dia 2 de fevereiro, foi levado em estado grave ao Hospital Central de Barquisimeto, juntamente com outros seis reclusos. Todos apresentavam os mesmos sintomas: febre e hemorragias.
Virgílio foi detido em 2017, na zona das Las Trinitarias, a leste de Barquisimeto, durante uma manifestação contra Maduro. As autoridades combateram-no com gás lacrimogéneo. Foi acusado de terrorismo e, segundo a família, nunca chegou a ter um julgamento.
A morte de Jiménez Urbina acontece numa altura de grande crise política e social no país. A Assembleia Nacional (Parlamento), liderada por Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino da Venezuela, pediu ajuda humanitária ao exterior. O Governo rejeita. Militares fiéis a Maduro instalaram uma barreira de comboios e camiões na ponte de Las Tienditas, em Ureña, porta de entrada de ajuda, deixando claro que não aceitarão intervenção externa, nem que venha sob a forma de comida e medicamentos.