Daniel Mallory, autor do best-seller "A Rapariga à Janela", tornou-se um dos nomes mais conhecidos do mercado editorial norte-americano. Mas acaba de cair em desgraça. A mais recente edição da revista "The New Yorker" acusa-o de uma longa história de manipulação e falsidades.
Uma reportagem, que sai na próxima edição da revista norte-americana, dia 11, e que já está disponível no site, apresenta o ex-editor e escritor Dan Mallory (Editorial Presença), que escreveu "A Rapariga à janela" sob o pseudónimo de AJ Finn,
Mallory foi catapultado para a fama em 2016, quando a sua identidade foi revelada como autor de "A Rapariga à Janela". Mas o artigo da revista norte-americana traça um perfil negro do verdadeiro Daniel Mallory, acusando-o de ter inventado histórias, incluindo a de que lhe tinha sido diagnosticado cancro no cérebro, quando se cadidatou à Universidade de Oxford.
O artigo alega que Mallory terá repetido esta história por várias vezes, incluindo na altura em que justificava ausências na universidade e a colegas com quem trabalhava em editoras em Londres e Nova Iorque. Terá dito também que tinha concluído um doutoramento naquela universidade, quando afinal apenas tinha obtido o mestrado.
Na terça-feira, várias fontes do setor, que pediram para permanecerem não identificadas, confirmaram ao "The Guardian" que Mallory havia dito ter sido diagnosticado com cancro no cérebro na mesma altura em que trabalhava na editora Little Brown, em Londres, entre 2009 e 2012.
A "The New Yorker" também relata repetidas ocasiões em que o escritor terá mentido sobre suas habilitações profissionais, nomeadamente quando terá dito, numa entrevista de emprego, que fora editor na norte-americana Ballantine, quando afinal se verificou que não passava de um assistente. Terá inclusivamente dito que os país já não estavam vivos e que um irmão se tinha suicidado. A "The New Yorker" confirmou que o pai, a mãe e o irmão não morreram.
Dan Malloty não quis falar com a "The New Yorker", mas, através da sua assessoria de imprensa, fez chegar um comunicado em que conta como a sua adolescência foi muito marcada por um cancro sofrido pela sua mãe, e tentou justificar os seus atos com a bipolaridade que lhe foi diagnisticada um pouco antes de escrever "A Rapariga à Janela", depois de anos a batalhar contra uma depressão.
"Em várias ocasiões no passado, inventei, insinuei ou permiti que outras pessoas acreditassem que eu tinha uma doença física em vez de emocional: como o cancro. A minha mãe lutou contra um cancro da mama quando eu era jovem; foi uma experiência da minha adolescência que era sinónimo de dor, pânico. Eu sinto-me profundamente envergonhado pelas minhas batalhas psicológicas - elas são o meu segredo mais sensível e assustador", afirmou o autor.