A Força Aérea venezuelana classificou, este sábado, como "traidor" o general de divisão e diretor de Planeamento Estratégico, Francisco Esteban Yánez Rodríguez, que reconheceu como Presidente interino Juan Guaidó, assim que este se autoproclamou, a 23 de janeiro.
"Indigno é o homem de armas que trai o juramento de fidelidade e lealdade à Pátria de Bolívar e ao legado do Comandante Hugo Chávez, e se ajoelha perante pretensões imperialistas, GD (general de divisão) Francisco Yánez TRAIDOR", escreveu a Força Aérea na sua conta da rede social Twitter.
Também o comandante-geral da Força Aérea venezuelana, Pedro Juliac, expressou na mesma rede social o seu apoio à chamada "revolução bolivariana" e ao Presidente, Nicolás Maduro.
Num vídeo divulgado nas redes sociais e que foi partilhado pelo deputado da oposição Luis Florido, o general Yánez Rodríguez declarava ter deixado de reconhecer a autoridade "nula e ditatorial de Nicolás Maduro" e reconhecer Guaidó como Presidente interino.
O general, que já não figura na página da Força Aérea da Venezuela como diretor de Planeamento, assegurou também que as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) recebem "infinitas ameaças" para que não se pronunciem a favor do opositor Guaidó.
Yánez Rodríguez instou também os seus companheiros militares a apoiar Guaidó como Presidente e pediu-lhes para "não reprimirem" mais o povo da Venezuela.
Além disso, convidou a população a sair à rua de forma pacífica para defender Guaidó num dia em que a oposição convocou uma manifestação para pedir o apoio da União Europeia (UE) e agradecer ao Parlamento Europeu o seu reconhecimento.
Juan Guaidó referiu-se precisamente a essa atitude do general no seu discurso e disse não ter dúvidas de que o gesto de Yánez Rodríguez seria "repetido por muitos funcionários e muitos militares muito em breve".
No passado dia 21 de janeiro, cerca de 30 militares de um comando da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) sublevaram-se, num bairro de Caracas, contra o Governo de Nicolás Maduro.
A tentativa de revolta ocorreu depois de o parlamento, controlado pela oposição anti-chavista, ter aprovado um decreto-lei prometendo amnistia para todos os funcionários civis e militares que deixassem de reconhecer legitimidade a Maduro e contribuíssem para restaurar a democracia que considerava ter deixado de existir no país.
Esta foi a forma usada por Guaidó para instar as Forças Armadas a apoiá-lo assim que se autoproclamou, por considerar que Maduro é "um usurpador" da Presidência da República, vencedor de umas eleições classificadas pela oposição venezuelana e por boa parte da comunidade internacional como "fraudulentas".