O ex-líder parlamentar do PSD, que viu gorado o desafio feito a Rui Rio para convocar de imediato eleições diretas no PSD, vai deixar os dois espaços de comentário que mantém na TSF e na TVI "pelo menos até às eleições".
Ao que o JN apurou junto de fonte próxima de Luís Montenegro, a intenção do ex-deputado é moderar as suas intervenções no espaço público e manter "algum recato" pelo menos até às legislativas de outubro.
Montenegro partilha, há mais de um ano, um programa de comentário político semanal na TSF com o líder parlamentar do PS, Carlos César ("Almoços grátis") onde tem feito, à quarta-feira, a sua análise da situação política e onde anunciou que iria tomar uma posição pública sobre o rumo do PSD. Tem também um espaço de opinião na TVI, que agora decidiu suspender.
Será David Justino, vice-presidente do PSD e próximo de Rui Rio que vai substituir Luís Montenegro no programa da TSF, estreando-se já esta quarta-feira depois das 13 horas. Pelo PS mantém-se Carlos César. Anselmo Crespo, moderador do programa "Almoços Grátis", confirmou ao JN que Montenegro "saiu por opção" e que David Justino "vai passar a fazer parte do painel", o que significa que Montenegro acaba por dar lugar a um membro da Direção de Rui Rio, que passa a ter um palco na rádio para fazer oposição ao Governo.
Recorde-se que, a 10 de janeiro, Montenegro fez saber que iria desafiar o atual líder do PSD a convocar eleições diretas no partido por entender que a atual liderança está a falhar na oposição ao Governo de António Costa e não dá garantias de ser a alternativa de que o país precisa.
"Não me resigno a um PSD pequeno, perdedor, irrelevante, sem importância política e relevância estratégica", justificou o antigo deputado numa declaração no CCB, dois dias antes de Rui Rio completar um ano de mandato.
Rui Rio demorou dois dias a reagir ao desafio, mas decidiu surpreender convocando um Conselho Nacional extraordinário para votar uma moção de confiança, da qual saiu vencedor, reforçando a sua liderança. Montenegro decidiu dar tréguas até às eleições legislativas de outubro, que disse que Rui Rio tem obrigação de vencer.
No discurso em que reagiu à aprovação da moção de confiança no Conselho Nacional, o ex-líder parlamentar tinha dito que iria continuar a aproveitar os seus espaços de comentário para fazer oposição ao Governo de António, mas acabou por decidir afastar-se do placo da rádio e da televisão.