Um conta bancária com 135 mil euros foi congelada a um dos supostos cabecilhas de uma rede de tráfico de mão de obra desmantelada numa investigação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Na operação, designada por "Masline" (azeitona em romeno), foram detidas, terça-feira, no distrito de Beja seis pessoas daquela nacionalidade. Mais de 250 trabalhadores, cidadãos oriundos do Leste europeu, que trabalhavam sujeitos a degradantes condições de trabalho, alojamento e salubridade, foram identificados pelo SEF.
A Direção Central de Investigação do SEF investigava esta organização há um ano. As seis pessoas, cinco homens e uma mulher, com idades entre 22 e 47 anos, foram detidas nas zonas de Beja, Ferreira do Alentejo e Montes Velhos (Aljustrel). São suspeitos dos crimes de tráfico de pessoas, auxílio à emigração ilegal e associação criminosa.
Entre os detidos estão dois indivíduos, Florin e Constantin, tidos como os cabecilhas da estrutura que recrutava os trabalhadores nos países de origem, acenando com melhores condições de vida mas que, chegados a Portugal, ficavam sem documentos e eram obrigados a trabalhar sem receberem vencimento, dormindo amontoados em habitações sem condições.
Os trabalhadores foram inicialmente transportados para as casernas do Regimento de Infantaria 1, em Beja, onde foram alimentados e identificados, mas já regressaram aos lugares onde se encontram a viver e recomeçaram a trabalhar na apanha da azeitona.
Prisão preventiva
Os cinco homens e a mulher, de nacionalidade romena ficaram em prisão preventiva.
A decisão foi conhecida quinta-feira à noite, após 24 dos 255 indivíduos identificados como sendo explorados pela rede internacional terem prestado declarações para memória futura, no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora. O grupo está indiciado por tráfico de pessoas, auxílio à emigração ilegal e associação de auxílio à imigração ilegal.
Segundo o JN apurou, os cidadãos que foram ouvidos no DIAP são aqueles que estavam em situação de maior fragilidade e que "apresentavam maiores indícios de serem vítimas de exploração". Fonte do SEF avançou ainda que os testemunhos agora recolhidos visam também consolidar a acusação". "As autoridades vão procurar encaminhar estas pessoas para instituições, por forma a garantir ajuda humanitária", acrescentou a mesma fonte, que disse ainda que "os tradutores explicaram aos cidadãos o que se passa, uma vez que estes não têm consciência de que são explorados", em face da legislação portuguesa.
Enquanto decorriam os interrogatórios, mais de duas centenas de cidadãos romenos e moldavos, que trabalham para aquele que é tido como o cabecilha da rede, um romeno de nome Florin, concentraram-se junto ao DIAP, para demonstrar solidariedade "para com o patrão". v * Com Ana