Os eurodeputados e todos os funcionários do Parlamento Europeu estão "presos" nas instalações devido ao tiroteio de terça à noite em Estrasburgo, mas o ambiente é de calma, embora num primeiro momento tenha havido alguma "corrida aos mantimentos".
"Eu estava numa reunião do grupo socialista quando fomos avisados de que havia um incidente violentos, relatou à Lusa o eurodeputado socialista Carlos Zorrinho.
As indicações, para "cerca de três mil pessoas", entre eurodeputados e funcionários, foram "ficar no edifício" e "não aproximar das janelas".
"As portas estão fechadas, mas as pessoas vão circulando e o ambiente, agora, é de calma", disse Carlos Zorrinho, precisando que a cantina foi reaberta, assim como o posto médico.
"Tivemos acesso [à informação] muito cedo", disse Paulo Rangel, do PSD.
"A antecipação era grande, mas em cinco ou dez minutos as pessoas perceberam que estavam num lugar seguro", comentou, acrescentando que o Parlamento "abriu as infraestruturas", reabrindo a cantina, que normalmente fecha ao fim da tarde.
Na cidade, precisou Rangel, o "trânsito está altamente condicionado" e "os transportes públicos proibidos de funcionar", pelo que muitas pessoas permanecem no Parlamento Europeu por saberem que é real "o risco de não chegarem aos hotéis".
Tanto assim, que colaboradores e trabalhadores dos eurodeputados, não podendo chegar aos hotéis, voltaram para o parlamento.
"Acabaram de chegar. Quem tem acreditação pode chegar ao Parlamento Europeu, pessoas que trabalham connosco foram chegando porque não podem ir para os hotéis", explicou Paulo Rangel.
O facto de todos os que estão dentro do Parlamento Europeu terem acesso à internet, disse Zorrinho, "vai distendendo um bocadinho" a situação.
Mas, tendo em conta que o alvo foi um mercado de Natal, o eurodeputado admite que "as pessoas estão tristes", embora a pergunta seja: "Quando é que vamos sair daqui?".
Questionado sobre se tem contactado com pessoas que estejam em Estrasburgo fora do parlamento, Zorrinho disse ter falado com quem esteja "fechada em lojas e restaurantes".
"Temos de imaginar que o caso podia ter sido evitado", disse o eurodeputado socialista, acrescentando, no entanto, que, por cada caso, "há 100 ou mil que não acontecem".
"É uma pessoa, não se pode evitar", adiantou Zorrinho.
Na mesma linha, Rangel explicou que a segurança em torno do mercado de Natal em Estrasburgo, um pequena cidade do leste de França, próxima da fronteira com a Alemanha, que é conhecida na Europa como "Cidade do Natal", atraindo milhares de turistas, "este ano estava muito exigente", mesmo "anormal", por ser "um emblema do Natal", a par da crise em torno dos protestos dos "coletes amarelos".
Mas, concluiu o eurodeputado, "não é possível uma segurança absoluta".