O Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, disse hoje ao 'site' O Antagonista que a verba depositada na conta da sua mulher pelo ex-assessor de um dos seus filhos referem-se ao pagamento de uma dívida.
"Emprestei-lhe [ao ex-assessor] dinheiro noutras oportunidades. Nesta última, ele estava com um problema financeiro e uma dívida que ele tinha comigo acumulou-se. Não foram 24 mil reais [cerca de 5.400 euros], foram 40 mil reais [cerca de nove mil euros]", afirmou Jair Bolsonaro.
Se o Conselho de Controlo de Atividades Financeiras (COAF) "quiser retroagir um pouquinho mais, vai chegar nos 40 mil", adiantou o futuro chefe de Estado brasileiro.
Em causa está um depósito feito por Fabrício Queiroz, ex-assessor do deputado estadual e senador eleito pelo Partido Social Liberal (PSL), Flávio Bolsonaro, filho mais velho do Presidente eleito, cujos movimentos bancários foram alvo de análise pelo COAF, uma entidade pertencente ao Ministério da Economia.
Na análise, foram detetadas transferências suspeitas de mais de 1,23 milhões de reais (280 mil euros) entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, sendo que uma dessas transações foi efetuada para a conta da futura primeira-dama.
Segundo o site 'O Antagonista', Jair Bolsonaro afirmou que conheceu Fabrício Queiroz no Exército e tornaram-se amigos, tendo-lhe emprestado dinheiro porque o ex-assessor do filho estava com problemas financeiros.
"Eu podia ter colocado o dinheiro na minha conta. Foi para a conta da minha esposa, porque eu não tenho tempo de sair. Essa é a história, nada além disso. Não quero esconder nada, não é a nossa intenção", declarou o ex-capitão do Exército.
Sobre a movimentação de 1,2 milhões de reais na conta de Queiroz, Bolsonaro declarou-se surpreendido e que cortou relações com o seu amigo até que justifique a situação no Ministério Público.
Também Flávio Bolsonaro pronunciou-se sobre a polémica, adiantando que procurou esclarecer a situação com o seu ex-funcionário e assegurando que "não tem nada a esconder".
"Fui procurar esclarecimentos dele e do que estava a acontecer. Não temos nada a esconder de ninguém. Ele relatou-me uma história bastante plausível. Garantiu-me que não teria nenhuma ilegalidade nas suas movimentações. (...) Quem tem de ser convencido não sou eu, é o Ministério Público", declarou o deputado.
Bolsonaro e o seu executivo tomam posse no dia 01 de janeiro.