Pelo menos 23 civis, a maioria mulheres e crianças, foram mortos na terça-feira durante um bombardeamento militar dos EUA numa operação anti-talibã na província de Helmand, sul do Afeganistão, revelou a ONU.
Três outros civis também ficaram feridos quando "as forças militares internacionais realizaram um ataque aéreo depois dos confrontos no terreno com os talibãs", explica a missão da ONU no Afeganistão (Manua) num relatório a que a Agência France Presse (AFP) teve acesso.
"As informações indicam que a maioria das vítimas são mulheres e crianças", observa a Manua, lembrando a todas as partes do conflito as "obrigações de proteger os civis".
As autoridades locais referiam-se até agora a "vários membros da mesma família que foram mortos", uma delas avançando com um recorde de "pelo menos 18 civis mortos", o que não pôde ser confirmado.
A missão Apoio Resoluto (RS), da Nato, tinha já avançado com a abertura de uma investigação sobre este bombardeio.
Em comunicado, informou que durante uma operação no distrito de Garmsir, os talibãs "abriram fogo" e, depois, "recuaram para um complexo", enquanto continuavam "a disparar contra as forças terrestres aliadas", que " em autodefesa "pediram um ataque aéreo".
"As forças terrestres não sabiam que havia civis dentro ou em volta do complexo. (...) Os talibãs usam civis como escudo de proteção", afirmou a RS.
Haji Mohammad, residente a cem metros da casa bombardeada, confirmou à AFP a versão da Nato, ressaltando que "os talibãs se posicionaram dentro de uma casa" e que, "uma hora depois, os bombardeamentos mataram" os civis que estavam no interior e nove insurgentes.
Outras três casas também foram atingidas no último sábado por explosivos militares que mataram dois civis e feriram outros 14, incluindo 10 crianças, em combates entre forças talibãs e do governo, ainda em Helmand, segundo Manua.
O número de civis afegãos mortos em bombardeios aéreos desde o início do ano atingiu um nível recorde (313 mortos, 336 feridos), um aumento de 39% em relação a 2017, segundo revelou a ONU em outubro.
Durante o mesmo período, 2.798 civis foram mortos e 5.252 feridos. Em 2018, espera-se que o número de civis mortos no Afeganistão exceda o da Síria.