Movimento sem líder nem estrutura ameaça bloquear França, este sábado.
Não tem líder, nem uma lista assente de reivindicações, porquanto nasceu no ciberespaço, filho da ira de todos quantos se sentem discriminados pelo Governo francês, um imensidão heteróclita que foi juntando queixas à primordial: o aumento dos combustíveis, mais de 0,76€ no gasóleo e 0,31€ na gasolina desde janeiro, uma subida que não alimenta necessariamente a reconversão energética.
Falamos do movimento de base sobretudo rural - entendendo-se rural como fora dos grandes aglomerados - dos "coletes amarelos", aqueles que é obrigatórios ter na mala de qualquer carro. E que promete bloquear este sábado o hexágono numa série muito variada de protestos convocados online.
Em resumo, o descontentamento nasceu do contínuo aumento dos preços dos combustíveis e brotou entre pessoas que dependem do automóvel para tudo: para ir trabalhar, às compras, ao médico, à farmácia, à padaria, à escola dos filhos.
Dependentes dos carros
São pessoas de classe média e média-baixa que, a dada altura da vida, optaram por viver um pouco mais longe dos centros para poder ter mais desafogo (com rendas menores, casa própria a preço mais aceitável e uma vida mais barata). A falta de transporte público eficiente casou-os irremediavelmente com o automóvel.
Recusando associações políticas e sindicais, apesar de anunciados apoios, e insatisfeitos com os 500 milhões de euros em medidas de apoio à renovação do parque automóvel e das caldeiras de aquecimento anunciadas pelo Governo, os "coletes amarelos" devem hoje mostrar o seu poder em mais de 1500 bloqueios de estradas.