Procuradores dos Estados Unidos acusaram o fundador do WikiLeaks, o australiano Julian Assange, num "processo secreto" que foi descoberto por engano, noticia, esta sexta-feira, o jornal "Washington Post".
O procurador federal adjunto Kellen S. Dwyer, num texto dirigido a um juiz e que foi tornado público por engano, defende que o processo deve ser mantido "como secreto" por causa da sofisticação do acusado (Julian Assange) e da "publicidade que o rodeia".
"É provável que apenas este tipo de procedimento mantenha confidencial a acusação", refere Dwyer acrescentado que o sigilo deve ser mantido, afirma o procurador, até que Assange "seja detido".
O fundador da WikiLeaks vive exilado na embaixada do Equador no Reino Unido desde 2012, altura em que foi acusado de violação pela justiça sueca.
Segundo o jornal "Washington Post", o texto do procurador não esclarece quais são em concreto as acusações contra Julian Assange.
No passado, os Estados Unidos admitiram avançar com processos contra Julian Assange por conspiração, roubo de propriedade governamental ou violação da Lei de Espionagem pela divulgação de documentos do Estado através do "site" da WikiLeaks, em 2010.
Um dos advogados de Assange, Barry J. Pollack, disse ao Washington Post, referindo-se ao texto do procurador, que "mais irresponsável do que acusar alguém por publicar informação verdadeira é escrever informação que claramente não está destinada ao público sem avisar Assange".
"Obviamente não faço ideia se acusaram Assange mas a ideia de que se pode usar legislação sobre delitos federais por publicação de informação verdadeira abre um precedente perigoso", acrescentou.
Por outro lado, o jornal "Wall Street Journal", que cita fontes ligadas ao processo, escreve que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos prepara-se para processar Assange acreditando que tem possibilidade de conseguir a extradição do fundador do WikiLeaks.
As fontes do "Wall Street Journal" não revelaram se estão em curso negociações com o governo do Reino Unido e do Equador mas apontaram que "acontecimentos" recentes são "animadores" no que diz respeito a uma eventual extradição de Assange para os Estados Unidos.