O secretário-geral do PSD anunciou, esta terça-feira, que já pediu ao Parlamento que lhe marque falta pelos dois dias que não terá comparecido ao plenário e cujas presenças foram assinadas por alguém. José Silvano assegura que "não se aproveitou de dinheiros públicos" e que vai justificar tais ausências.
Num comunicado, enviado em seu nome mas remetido pelo departamento de imprensa do próprio partido, o dirigente social-democrata aponta que são "falsas as notícias que dão nota de que os registos nos plenários de 18 e 24 de outubro tiveram como motivo o recebimento de verbas não devidas". E compromete a classe política por aquilo que fez: "esta prática é extensiva a todos os partidos políticos há muitos anos".
Silvano, que terá tido alguém a assinar as suas presenças nos plenários daqueles dias durante a tarde, através do uso da sua palavra-passe e num computador no hemiciclo, revela que quer no dia 18, quer a 24, esteve no Parlamento durante a manhã com atividades. Porém, não adianta quem se fez por passar por si.
"No dia 18 de outubro, assinei o livro de presenças da reunião do Grupo Parlamentar do PSD, ocorrida nessa manhã, o que confere o direito ao pagamento da senha desse dia. Quanto ao dia 24, pelas 10h, presidi à reunião da 1ª Comissão no Parlamento, o que, só por si, conferia também direito à senha de presença respetiva", diz, aludindo ao facto de ter sido noticiado de que a falsas presenças no plenário lhe teriam dado direito a receber o subsídio de deslocação que recebem os deputados e que pode ascender a 69,19 euros.
Segundo o secretário-geral social-democrata, apesar de ter estado em atividades partidárias em vez de comparecer no hemiciclo, a prática é comum a todas as forças políticas: "Quanto ao pouco tempo passado no Parlamento, importa esclarecer que existe uma prática parlamentar que permite conciliar a atividade política intensa dos dirigentes nacionais dos partidos políticos, nunca descurando as questões relevantes para o país, com a atividade parlamentar quotidiana". "Esta prática é extensiva a todos os partidos políticos há muitos anos..., caso contrário um líder partidário nunca poderia ser deputado", explica
Quanto às presenças nos plenários que não se verificaram, Silvano pediu a Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, "solicitando que fossem marcadas as respetivas faltas". "Justifiquei também as razões para que tal procedimento não tivesse ainda ocorrido", conclui.
Já esta terça-feira, Ferro Rodrigues tinha revelado os resultados das diligências que mandou realizar junto dos serviços, para que se apurasse o que se passou. O presidente do Parlamento revelou que uma "pessoa diferente" de Silvano terá usado a palavra-passe para aceder a um computador e marcar as presenças ao deputado.