Os novos autocarros a gás da STCP não conseguem passar sob alguns viadutos do Grande Porto por serem altos de mais e, por esse motivo, algumas carreiras continuarão a ser asseguradas pela antiga frota.
Em causa estão pelo menos cinco linhas, nomeadamente no Porto, em Gondomar e Valongo. Esses percursos não podem ser realizados pelas 27 novas viaturas que já circulam. Mas não só: toda a encomenda feita em 2017, com 173 novos autocarros movidos a gás natural até 2020, é da mesma tipologia.
Segundo apurou o JN, os novos autocarros que começaram a circular este ano têm uma altura que colide com vários viadutos da rede viária. A STCP justificou que os veículos encomendados à MAN (empresa alemã) pela anterior administração, do tipo "low entry", com degraus na parte traseira, têm um preço mais baixo quando comparados com a tipologia "low floor", uma alternativa com altura inferior e com todo o autocarro ao mesmo nível que promete juntar à frota, mas apenas em futuras aquisições.
Informação nas cabinas
A empresa teve de afixar informação para os motoristas não utilizarem os novos veículos em certas rotas. Contactado pelo JN, Eduardo Ribeiro, motorista da STCP e dirigente do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN), confirmou as ordens de serviço e a informação colocada nas cabinas. Especificou tratar-se de um total de 27 viaturas em pelo menos cinco linhas de autocarro com três viadutos. Referiu as carreiras 803, que passa sob a linha de comboio em Rio Tinto; 705, por baixo da linha férrea no centro de Valongo; 300, 301 e 304, por causa do viaduto entre os bairros do Regado e Prelada.
A limitação já não se coloca para os 15 autocarros elétricos adquiridos à Caetano BUS e que elevam para 188 o total de novos veículos que chegarão até 2020.
Eduardo Ribeiro manifestou-se preocupado, avisando que será "um problema" quando os novos veículos rondarem 50% da frota e quando os atuais já chegam aos "600 e 700 mil quilómetros". Disse, por isso, esperar que a STCP ainda possa reverter a encomenda de 173 veículos que não passam naqueles viadutos e "modificar o contrato". A título de ironia, destacou que "deve ficar mais barato rebaixar o piso" nessas zonas.
Diferença de preço pesou
Por sua vez, a STCP explicou que a frota é composta por diversas tipologias consoante as características das carreiras. "Nas próximas aquisições está prevista" a compra "de veículos "low floor" e "low entry", no sentido de ir ao encontro das necessidades identificadas pelas diversas linhas e percursos que a empresa opera". A segunda tipologia é a mais alta e a que está a circular, explicou a assessoria da imprensa ao JN. "Os preços de aquisição dos autocarros "low entry" é inferior aos autocarros " low floor", o que impacta nas decisões de aquisição. À data da encomenda (2017), a administração decidiu adquirir somente viaturas movidas a gás natural "low entry", devido à diferença de preço", referiu.
Investimento
O valor de aquisição das viaturas a gás natural ronda 37 milhões de euros. E a STCP paga 44 milhões pelos serviços de manutenção por 16 anos. A entrega dos autocarros MAN é faseada: 35 em 2018, 60 em 2019 e 78 no ano seguinte.
Só 19% a gasóleo
Em 2020, a STCP contará com 419 autocarros - 77% deles movidos a gás natural comprimido; 4% totalmente elétricos; sendo que apenas 19% utilizarão o gasóleo como combustível.