As Organizações Não-Governamentais (ONG) Amnistia Internacional, Human Rights Watch e Greenpeace exigiram ao presidente eleito brasileiro Jair Bolsonaro respeito pelos direitos humanos e anunciaram que se vão manter vigilantes.
Para a Amnistia Internacional, a eleição de Bolsonaro, conhecido pelas suas declarações de teor machista, homofóbico e racista, "representa um enorme risco para os povos indígenas e quilombolas, comunidades rurais tradicionais, pessoas LGBTI (Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo), jovens negros, mulheres, ativistas e organizações da sociedade civil, caso a sua retórica se transforme em políticas públicas", afirmou Erika Guevara-Rosas, diretora desta ONG para as Américas.
Os receios da Amnistia Internacional são confirmados pela Human Rights Watch (HRW), que descreve Bolsonaro como "um parlamentar que defendeu a tortura e falou de forma ofensiva sobre as minorias", razões pelas quais vai manter uma supervisão constante sobre a sua gestão.
José Miguel Vivanco, diretor da HRW para as Américas, fez ainda um apelo ao poder judicial e outras instituições democráticas para que resistam "a qualquer intenção do governo de Jair Bolsonaro deteriorar os direitos humanos, o Estado de Direito e a democracia".
Por outro lado, o diretor de campanhas da Greenpeace Brasil, Nilo D'Ávila, recordou ao governante eleito pelos brasileiros que "a natureza não pode ser vista como um mero recurso económico", mas sim como "uma garantia de vida para as futuras gerações", pedindo que se reduza a desflorestação.
"O novo presidente da República precisa de ter uma atuação à altura da importância global do Brasil para a preservação do meio ambiente, isso significa evitar o aumento da temperatura do planeta, preservar a Amazónia e combater os crimes ambientais", salientou Ávila num comunicado.
O candidato do Partido Social Liberal (PSL, extrema-direita) Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, capitão do Exército reformado, foi eleito no domingo, na segunda volta das eleições presidenciais, o 38.º presidente da República Federativa do Brasil, com 55,1% dos votos.
De acordo com os dados do Supremo Tribunal Eleitoral, Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), conquistou 44,9% dos votos, com o escrutínio provisório (99,99% das urnas apuradas) a apontar para 21% de abstenção do total de eleitores inscritos (mais de 147,3 milhões).
Numa declaração à porta de sua casa, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, ainda no domingo, o presidente eleito prometeu que o seu Governo "será um defensor da Constituição, da democracia e da liberdade".
"Este é um país de todo nós, brasileiros natos ou de coração, de diversas opiniões, cores e orientações", disse Jair Bolsonaro.