O ex-chefe de gabinete do ex-ministro da Defesa disse, em interrogatório, na quarta-feira, que informou Azeredo Lopes do memorando sobre Tancos que lhe foi entregue, há menos de um ano, pelo então diretor da Polícia Judiciária Militar, Luís Vieira.
Assim que o tenente-general Martins Pereira recebeu o memorando sobre a operação encenada da recuperação das armas furtadas de Tancos, passou a informação ao governante, defendeu o ex-chefe de gabinete de Azeredo Lopes, avança o jornal "Público" na edição desta quinta-feira.
Martins Pereira, inquirido ontem pelo Ministério Público na qualidade de testemunha, disse que ligou imediatamente a Azeredo, através do WhatsApp, cujos telefonemas e mensagens são encriptados. O ex-chefe de gabinete, que não foi constituído arguido no processo, colocou o seu telemóvel à disposição dos investigadores para perícia, para que as alegações sejam comprovadas.
Na primeira declaração pública que fez sobre o assunto, o tenente-general apenas confirmou ter recebido o major Vasco Brazão, da Polícia Judiciária Militar, e o então diretor da PJM, Luís Vieira, no ministério, quando era chefe de gabinete. Na segunda vez, disse ter recebido o memorando nessa ocasião. O ministério já garantiu que não se encontra registado nenhum memorando entregue por aqueles responsáveis.
Luís Vieira, que está preso preventivamente, terá apenas confirmado, em interrogatório, a realização de uma reunião com o ex-chefe de gabinete do ministro para a entrega de um relatório formal de ocorrências. Essa reunião ter-se-á realizado, segundo Vasco Brazão (prisão domiciliária), assim que a PJM percebeu que estava a ser investigada pela PJ civil.
António Costa pede responsabilização de "cúmplices e encobridores"
Questionado pela TSF em relação às declarações de Martins Pereira, o gabinete do primeiro-ministro rejeita comentar "questões em objeto de investigação criminal". António Costa limita-se a "desejar que as autoridades competentes, com a maior brevidade possível, esclareçam cabalmente o ocorrido, responsabilizando os autores do furto e seus eventuais cúmplices e encobridores, sejam quem forem", adianta o gabinete do primeiro-ministro.