O líder do PSD, Rui Rio, considerou "inadmissível" a diferença de valores do défice apresentados na proposta de Orçamento do Estado para 2019 e no relatório da Unidade Técnica de Apoio Orçamental.
"Este assunto é demasiado grave para ser verdade. Para que as pessoas entendam do que estamos a falar, o Governo propõe que a Assembleia da República vote um Orçamento que tenha um défice de quase mil milhões de euros e coloque no relatório que são só 380 milhões de euros. Isto é um engano e é absolutamente inadmissível", declarou Rui Rio, em Leiria, à entrada para um encontro de militantes do PSD, na terça-feira.
O presidente do PSD acrescentou que se trata de uma "diferença brutal em termos daquilo que é aprovado ou não aprovado na Assembleia da República".
"Não consigo entender como é que ao fim de tantos anos de democracia ainda acontecem coisas destas", realçou.
Considerando que esta diferença de valores pode ter leituras de "diferentes maneiras", o líder social-democrata afirmou que uma das leituras poderá ser "que, se quiserem gastar" mais, podem fazê-lo e "não precisam de um Orçamento retificativo, porque já está autorizado sem ninguém saber", pois "o défice passa os 380 milhões, mas eles não precisam".
"Há uma coisa que é clara, há aqui uma falta de transparência notória. O défice em contabilidade pública e em contabilidade nacional não corresponde àquilo que é a verdade. A Assembleia da República tem o dever de impor ao Governo a correção dos mapas e dos quadros de modo a que as coisas fiquem como é dito. Se é o défice é para ser 380 [milhões de euros] os quadros têm de bater nos 380 milhões", sublinhou Rui Rio.
Na segunda-feira, à entrada de um encontro com os militantes da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS, o secretário-geral e primeiro-ministro, António Costa, recusou-se a responder a perguntas formuladas pelos jornalistas, designadamente sobre o facto de a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) do parlamento, com base nos mapas da proposta de Orçamento, estimar o défice de 2019 em 0,5% e não em 0,2%, tal como prevê o Governo, considerando existir uma despesa em excesso na ordem dos 590 milhões de euros.