O bastonário da Ordem dos Médicos disse, este sábado, que, com a proposta de Orçamento do Estado para 2019, "é difícil" que a ministra da Saúde "ou qualquer outro ministro consiga resolver os principais problemas" do Serviço Nacional de Saúde.
"É difícil fazer isto com 201 milhões de euros que é o que está atribuído ao Serviço Nacional de Saúde [SNS]. (...) Este ano de 2018 em princípio vai ser 4,8% do PIB, em 2019 provavelmente o valor ainda vai ser mais baixo. E, portanto, é difícil que esta ministra da Saúde ou qualquer outro ministro consiga resolver os principais problemas que neste momento se colocam aos portugueses e ao país na área da saúde", afirmou Miguel Guimarães.
À margem do discurso de encerramento da cerimónia de entrega do Prémio de Mérito da Competência em Gestão dos Serviços de Saúde, atribuído ao clínico José Guimarães dos Santos, no Porto, Miguel Guimarães lembrou que "só médicos, faltam 5500", a que se juntam os milhares de enfermeiros, assistentes operacionais e técnicos em falta no SNS.
Há ainda a necessidade de renovação de equipamentos que, segundo o bastonário, não vai ser resolvida com este orçamento, "a não ser que exista um orçamento adicional só para esta matéria".
A estas situações acresce a questão da estrutura hospitalar cujos problemas identificados, defende, dificilmente se resolverão.
Miguel Guimarães disse ainda que o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, "se enganou, com certeza", quando afirmou hoje que o Governo está a fazer um "esforço tremendo" de recuperação na área da saúde, defendendo que esse esforço "é basicamente dos profissionais".
"Há um ditado popular que diz que não é possível fazer omeletes sem ovos e aqui é a mesma coisa. As pessoas fazem um esforço imenso para tentarem melhorar ao máximo a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde, mas quem faz o esforço imenso não é o governo, nem é o secretário de Estado, quem faz o esforço imenso são os profissionais de saúde", afirmou.
Para o bastonário, "são os profissionais de saúde que estão a entrar em 'burnout', que fazem milhares e milhares de horas extraordinárias, que depois dos 50 e dos 55 anos que podiam deixar de fazer urgência e continuam a fazer urgência".
Miguel Guimarães avisa, contudo, que os profissionais de saúde têm um limite e esse limite está a ser atingido.
O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, disse hoje, em Coimbra, que o Governo está a fazer um "esforço tremendo" de recuperação na área da saúde, depois de um desinvestimento "brutal" do anterior Governo.
"Terminamos com este orçamento [2019] a recuperação de mil milhões de euros de que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tinha sido alvo de desinvestimento por parte do Governo anterior", disse o dirigente socialista, que participou num plenário de militantes para apresentar o orçamento do próximo ano.