A vegetação voltou a crescer em força numa zona de mato baldio, em Sejães, Oliveira de Frades. A última vez que ali esteve a equipa de limpeza, contratada pelo Gabinete Técnico Florestal (GTF) do município de Oliveira de Frades, foi há meio ano, em abril. "É um trabalho inglório. Limpamos e, passado algum tempo, está tudo igual", realça Márcio Pereira, o engenheiro florestal que coordena o GTF desde que este foi criado, em 2005.
A prevenção é uma das principais missões destes gabinetes, uma estrutura técnica que apoia a Comissão Municipal de Defesa da Floresta e que garante que as infraestruturas de apoio ao combate a incêndios florestais estão operacionais.
"Mantemos limpos os caminhos da rede viária florestal e garantimos que existem faixas de proteção, que são zonas de oportunidade onde os bombeiros podem abordar um incêndio e combatê-lo", adianta o engenheiro que ocupa parte do dia a acompanhar os trabalhos e a percorrer o concelho para poder depois priorizar as tarefas da equipa de limpeza.
32 km de caminhos limpos
Auxiliar o trabalho de combate a incêndios florestais também passa por manter operacional uma rede de pontos de água. O concelho de Oliveira de Frades - com 14 mil hectares de área e um dos mais afetados pelo incêndio de 15 de outubro do ano passado, sobretudo na área industrial - tem 11 mil hectares de área florestal. Márcio Pereira estima que, até ao segundo trimestre deste ano, tenham sido limpos 32 quilómetros de caminhos florestais e retiradas toneladas de carga combustível.
Alerta pára máquinas
A equipa de limpeza contratada pelo GTF trabalha o ano inteiro, exceto no período de maior calor ou quando a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) emite alerta vermelho de risco de incêndio. "Nessas alturas, as máquinas são obrigadas a parar porque se baterem numa pedra podem provocar um incêndio", lembra Mário Pereira.
Ao Gabinete Técnico Florestal compete ainda elaborar o plano municipal de defesa da floresta contra incêndios e garantir a execução do mesmo.
Elaborar a cartografia e manter a informação atualizada é outra das missões do GTF. "Temos ainda de promover programas de vigilância, elaborar pareceres de arborização para o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas para que a floresta seja mais resiliente aos incêndios", esclarece o engenheiro, sem mãos a medir com tanto trabalho.
Mesmo assim, Márcio Pereira considera que o concelho teve a sorte de nos anos 90 ter sido liderado por um engenheiro agrónomo, já falecido, e que mandou abrir caminhos na área florestal do concelho. "Azevedo Maia, que foi presidente da Câmara e depois governador civil, tinha grande sensibilidade para as questões florestais e, com a ajuda de máquinas do Exército, foram abertos nesse período imensos que são estruturantes", recorda Márcio Pereira. "O concelho está bem coberto, sendo apenas necessário manter operacionais a rede de caminhos e pontos de água", considera.
É ao Gabinete Técnico Florestal que compete, ainda, fazer campanhas de sensibilização junto da população para que mantenha os terrenos limpos e as faixas de gestão de combustível.