O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, prestou este domingo homenagem pública a Odette Santos-Ferreira e apresentou as condolências pela sua morte, enaltecendo "um percurso notável e que foi pioneiro na investigação e na academia".
A ex-presidente da Comissão Nacional de Luta Contra a Sida Odette Santos-Ferreira, que foi pioneira na investigação da doença em Portugal, morreu este domingo, aos 93 anos.
"O Presidente da República apresenta as mais sentidas condolências à família e amigos e presta pública homenagem à Professora Odette Santos-Ferreira, enaltecendo um percurso notável e que foi pioneiro na investigação e na academia", pode ler-se numa nota na página oficial da Presidência da República.
A professora, destacou Marcelo Rebelo de Sousa, "teve um o papel fundamental na investigação sobre a SIDA em Portugal e no estrangeiro".
"Esse trabalho, que a levou à identificação do HIV de tipo 2, foi, porventura, o marco mais conhecido dum percurso longo, persistente e notável de serviço à ciência e à comunidade", elogiou.
É precisamente esse percurso que, "em nome do país e dos portugueses, o Presidente da República lembra, considerando que "fica como referência para a Ciência e a Saúde em Portugal".
Em fevereiro deste ano, Odette Santos-Ferreira foi condecorada por Marcelo Rebelo de Sousa numa cerimónia reservada, tendo recebido a grã-cruz da Ordem da Instrução Pública.
No princípio dos anos de 1980, Odette Santos-Ferreira caracterizou os primeiros casos de infeção por VIH em doentes originários da Guiné-Bissau com um quadro clínico de imunodeficiência, tendo identificado um grupo de amostras com um comportamento anormal face ao método de diagnóstico usado e que constituiu o ponto de partida para a descoberta do VIH do tipo 2.
Prossegue as investigações durante essa década, nomeadamente no Instituto Pasteur de Paris, autoridade de renome mundial na matéria, que acabaram por conduzir à descoberta do VIH do tipo 2.
Odette Santos-Ferreira foi coordenadora da Comissão Nacional de Luta Contra a SIDA, cargo que exerceu de 1992 a 2000, por nomeação do ministro da Saúde, tendo desenvolvido inúmeros projetos com impacto significativo na prevenção e disseminação da doença.
O projeto da sua autoria de maior impacto nacional e internacional foi a troca de seringa nas farmácias, denominado "Diz não a uma seringa em segunda mão", que teve como finalidade diminuir o risco de transmissão do VIH e de outras doenças transmissíveis (hepatitie B e C) à população toxicodependente por via endovenosa.
Este projeto foi considerado pela Comissão Europeia o melhor projeto apresentado por um país europeu, não só pela inovação, mas por ter sido possível desenvolvê-lo em todo o território nacional