Filha e genro planearam homicídio detalhadamente e até pesquisaram na Internet a melhor forma de se livrarem do corpo. Só dois apartamentos da vítima, no Montijo, valiam 300 mil euros.
Só a venda dos dois apartamentos no Montijo propriedade da professora Amélia Fialho teria rendido aos seus assassinos confessos, a filha adotiva e o genro, cerca de 300 mil euros, e isso terá sido um dos fatores determinantes no crime levado a cabo com extrema violência e premeditação. Mas a vítima teria ainda dinheiro e mais bens herdados. O casal chegou até a pesquisar na Internet a forma de se livrar do corpo, mas deixou um rasto que a Polícia Judiciária encontrou.
Diana Fialho, de 23 anos, e o marido, Iuri, de 27, estão em prisão preventiva desde anteontem, depois de terem confessado à Polícia Judiciária que tinham drogado Amélia, matando-a a seguir com golpes de martelo, à vez. Depois, embrulharam o corpo num tapete, levaram-no para um campo e pegaram-lhe o fogo com gasolina e um isqueiro que compraram numa bomba de gasolina. Fingiram o desaparecimento durante dias, até serem desmascarados.
Sabia-se já que o móbil do crime seria o dinheiro, para além do mau relacionamento. De uma assentada, garantiriam a liberdade e a independência económica. Em causa, dado o boom imobiliário na cidade do Montijo, que, em quatro anos, fez duplicar o valor das casas, estariam, apenas nos dois apartamentos que Amélia ali possuía, cerca de 300 mil euros.
Um era a casa onde os três habitavam, um duplex, do qual tinham sido "despejados" pela professora dias antes e que vale mais de 200 mil euros. Foi para esta casa que Diana se mudou de uma instituição na cidade de Setúbal aos nove anos (ler texto ao lado). A outra valeria mais de 80 mil.
Para além disso, apurou o JN, a conta bancária da vítima, que era solteira e filha única, tinha sido reforçada com a venda recente de uma propriedade que herdara dos pais. Diana e Iuri tinham casado há meses contra a vontade de Amélia.
Dia anterior na escola
Professora do Ensino Secundário na Escola Jorge Peixinho, no Montijo, Amélia preparava por esta altura o arranque do ano escolar, voltando a fazer o que tanto gostava, junto dos mais novos e de colegas que a admiravam. No dia anterior ao assassinato, sexta-feira, a mulher de 59 anos participou na receção aos alunos na escola e nada de anormal foi notado.
Houve uma discussão violenta com a filha nessa noite. Mais uma de muitas ao longo dos últimos anos. "Há quatro anos, chegou a dizer que se fosse encontrada morta, tinha sido a filha e o genro a matá-la", adianta Leonor Abrantes, amiga e confidente da vítima. Foi esta discussão, que se prolongou até ao dia seguinte, que fez com que a filha e genro engendrassem o plano do crime, acreditam as autoridades. Nas buscas que efetuou, a PJ descobriu um computador cujo histórico de navegação revelou que o casal gastara algumas horas a pesquisar na Internet a forma mais eficaz de se ver livre do corpo sem deixar vestígios. O cadáver só foi encontrado por acaso, quando o dono do terreno avaliava com a GNR os prejuízos causados pelo fogo provocado pelo casal.