Os ex-chefes de Estado Barack Obama e George W. Bush enalteceram hoje a figura e a influência política de John McCain, que morreu no sábado passado, afirmando que o senador republicano fez deles "melhores Presidentes" dos Estados Unidos.
Nas cerimónias fúnebres realizadas este sábadona Catedral Nacional de Washington, os elogios fúnebres ao senador foram da responsabilidade de Barack Obama, que derrotou McCain nas eleições presidenciais de 2008, e de George W. Bush, que ganhou a corrida à nomeação presidencial republicana em 2000 contra McCain.
"Viemos para celebrar um homem extraordinário, um guerreiro, um estadista, um patriota que personificou o que há de melhor na América", declarou Obama, que falou depois de Bush nesta última homenagem a McCain.
"Ele tornou-nos melhores Presidentes, como tornou melhor o Senado [câmara alta do Congresso norte-americano], como tornou o país melhor", salientou Barack Obama, observando que, apesar de ter sido um legislador conservador, McCain "entendeu que alguns princípios transcendem a política, que alguns valores transcendem o partido".
O ex-Presidente democrata Obama (2009-2017) destacou ainda que McCain sempre se opôs a vergar a verdade perante conveniências políticas ou ortodoxias partidárias e que foi um defensor de uma "imprensa livre e independente".
Antes de Obama, o ex-Presidente republicano George W. Bush (2001-2009) considerou que John McCain, um antigo piloto da Força Aérea da Marinha que foi prisioneiro de guerra no Vietname durante mais de cinco anos, era uma "combinação de coragem e decência".
Segundo Bush, McCain foi um político que "detestava o abuso de poder".
"Diante de tal autoridade, John McCain insistiria que somos melhores que isso, que a América é melhor que isso", acrescentou.
George W. Bush disse ainda que a ausência do senador do Estado do Arizona, que serviu durante 35 anos no Congresso, será sentida "como o silêncio depois de um poderoso rugido".
Lembrando igualmente o período em que McCain foi prisioneiro de guerra, Bush destacou que o senador e ex-candidato presidencial "amava a liberdade com a paixão de um homem que conhecia a ausência dessa mesma liberdade".
O antigo secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, de 95 anos, e uma das filhas do senador, Meghan McCain, foram outros dos intervenientes nesta cerimónia na Catedral Nacional de Washington.
Na sua intervenção, Meghan McCain reivindicou "a grandeza" dos Estados Unidos e assegurou que o país que o seu pai representou e defendeu "não precisa de ser grande de novo, porque sempre foi".
"Foi um grande homem. Estamos aqui reunidos para lamentar a morte da grandeza norte-americana. A verdadeira, não a retórica barata de homens que nunca chegaram perto do sacrifício que ele ofereceu voluntariamente, nem da retórica oportunista daqueles que viveram vidas de conforto e privilégio", afirmou a filha de McCain.
As intervenções durante a cerimónia não mencionaram diretamente o nome do atual Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas estão a ser interpretadas como críticas diretas à atual administração e às suas políticas.
Trump, com quem McCain tinha fortes divergências, está a ser o grande ausente nas cerimónias em honra ao senador, nomeadamente na cerimónia solene que decorreu na sexta-feira no Capitólio, sede do Congresso.
Quando já decorriam as cerimónias fúnebres do senador republicano na capital federal norte-americana, Trump deslocou-se para um dos seus campos de golfe localizado perto de Washington.
Na cerimónia estiveram a filha de Trump, Ivanka Trump, e o seu marido, Jared Kushner, bem como membros da equipa da Casa Branca, como o chefe de gabinete do Presidente, o general John Kelly, e o secretário de Defesa, James Mattis.
No domingo, será realizado um funeral privado no cemitério da Academia Naval em Annapolis.
John McCain, senador que representou o Estado do Arizona no Congresso desde 1987, morreu em 25 de agosto, aos 81 anos, na sequência de um tumor no cérebro.