O candidato à liderança do PSD/Açores Pedro Nascimento Cabral defende que a autonomia do arquipélago deve evoluir para um Estado federal constituído por três parcelas - continente, Açores e Madeira -, visando um maior desenvolvimento económico e social.
Considerando que o regime autonómico "não tem sido usado de forma conveniente pelo Governo Regional do PS" e que ainda há "margem para usar algumas prerrogativas", o militante social-democrata desde 1996 afirma, em entrevista à agência Lusa, que este tem que ser um processo "reivindicativo e evolutivo".
"Só depois de esgotarmos a autonomia se poderá evoluir para um novo patamar de sistema político constitucional que é um Estado português federal com três parcelas: continente, Açores e Madeira", declarou o antigo líder da JSD/Açores, casado e pai de dois filhos.
O advogado, filho de um jornalista e militante histórico do PSD/Açores que desempenhou as funções de deputado no parlamento açoriano, não quer que a região se "conforme com o sistema autonómico para sempre".
O candidato às eleições de 29 de setembro defende a criação de partidos regionais, a organização de listas de cidadãos ao parlamento dos Açores, a extinção do cargo de representante da República - cujos poderes, entende, devem ser assumidos pelo Presidente da República - e a redução do número de deputados, a par da reforma do sistema eleitoral e do funcionamento do parlamento, que deve contemplar um debate quinzenal com a presença do presidente do Governo.
Para o ex-dirigente, que presidiu ao Conselho de Jurisdição do PSD/Açores, a candidatura resulta de um "inconformismo tremendo" face ao atual panorama político da região, com a estrutura partidária a assumir, nos últimos anos, um conjunto de derrotas eleitorais.
Propondo-se a "mudar o paradigma" da atuação do PSD/Açores e da política açoriana, o candidato afirma que, após quase 25 anos de governação socialista, a região se encontra numa situação "absolutamente degradante" nos seus vários setores, apresentando a educação a mais baixa taxa de abandono escolar, enquanto na saúde as listas de espera têm vindo a crescer constantemente.
Também nos transportes aéreos e marítimos de passageiros e carga se assiste, segundo o advogado, a uma "constante incerteza", a par da "catástrofe que são as empresas públicas regionais", com milhões de prejuízos.
Pedro Nascimento Cabral considera que se assiste a um "completo desnorte e esgotamento" da maioria socialista, que "está em fim do ciclo", estando os militantes e os açorianos desejosos de mudança.
Tendo o PSD uma ideologia "devidamente marcada", o candidato não pretende transformar a estrutura numa força de direita ou esquerda, defendendo a "livre iniciativa do mercado" em alternativa a uma "região assistencialista", muito embora manifeste a necessidade de se ter "alguma atenção" a setores como a educação e a saúde, por exemplo.
O candidato cola o seu adversário político, Alexandre Gaudêncio, vice-presidente da Comissão Política Regional, ao "conflito geracional" que a ainda direção do PSD/Açores, liderada por Duarte Freitas, protagonizou, e que acabou no afastamento do histórico Mota Amaral, "fragmentando o partido e originando graves consequências em termos de organização do partido".
O atual líder regional do PSD, Duarte Freitas, anunciou que estava de saída por falta de "condições pessoais e familiares" para permanecer no cargo.