O Bloco de Esquerda defende que devem ser feitos referendos locais nas freguesias que foram agregadas contra a vontade das populações, em 2013.
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, defendeu esta noite de terça-feira, durante uma visita às Festas da Cidade de Bragança, que devem ser feitos referendos locais para que as assembleias das freguesias que foram agregadas contra a vontade das populações, na última Reorganização Administrativa do Território das Freguesias, em 2013, possam pronunciar-se.
"Nas freguesias onde a agregação foi imposta e que as próprias Assembleias de Freguesia contestaram, nunca quiseram, e que o poder local contestou, defendemos que essas possam ser revertidas e que essa alteração devia ser feita ouvindo as populações. Há situações em que não se ouviu ninguém, a alteração foi feita a régua e esquadro em Lisboa", explicou a líder do Bloco de Esquerda que decidiu fazer a sua "rentrée" política no Interior, mais precisamente em Bragança.
A revisão do atual mapa das freguesias voltou à liça, pois o governo admitiu que quer rever alguns casos. "Podem ser feitos referendos locais para as populações serem ouvidas. Algumas podem ser revertidas e outras podem manter-se. Quando uma fusão é artificial as próprias populações não se sentem próximas do poder local", referiu Catarina Martins.
Catarina Martins defendeu ainda que o próximo Orçamento do Estado deve continuar o caminho que foi feito de "recuperação dos rendimentos" e deve olhar para as áreas que ficaram mais esquecidas. "Há prioridades claras, como a valorização das pensões, uma vez que somos um país em que as pessoas trabalham tantos anos e têm pensões muito baixas. Uma atualização mais forte é importante, porque tantas pensões não chegam ao fim do mês", referiu, enumerando ainda a descida do IVA da eletricidade, as rendas excessivas, a melhoria do Serviço Nacional de Saúde, Transportes e Escolas. "Acredito que temos condições hoje para trabalhar sobre o aumento das pensões. Para além do aumento legal, o aumento extraordinário dos 10 euros deve ser em janeiro, mas há outras medidas para a Caixa Geral de Aposentações", acrescentou. Também não esquece os empregados de longa duração "que não têm nenhuma resposta, nem conseguem reformar-se, nem arranjar emprego".
O investimento na ferrovia é uma das prioridades bloquistas. Por isso, Catarina Martins criticou a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas que esta terça-feira exigiu a presença do ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, no Parlamento para explicar o "caos na ferrovia", afirmando que o partido centrista "não está preocupado com o investimento na ferrovia. Eles (CDS-PP) querem privatizar ferrovias. Mas alguém se lembra que uma privatização de um serviço estratégico público para as populações tenha resolvido o problema, desde a PT, aos aeroportos e aos CTT... correu sempre mal, ficamos sempre a perder", afirmou a coordenadora bloquista.