O Governo brasileiro reforçou a segurança na fronteira com a Venezuela, dois dias após imigrantes venezuelanos sofrerem ataques, e reiterou que recusa fechar a passagem entre os dois países.
Cerca de 60 agentes da Força de Segurança Nacional, unidade de elite da Polícia Federal, foram enviados para Pacaraima, cidade na fronteira do estado amazónico de Roraima para garantir a ordem.
Esta pequena cidade é a principal passagem entre a Venezuela e o Brasil e no sábado foi palco de protestos violentos promovidos por moradores contra imigrantes venezuelanos que vivem em abrigos temporários.
Após os incidentes, as autoridades do estado de Roraima pediram novamente ao Supremo Tribunal Federal (STF) o encerramento da fronteira para impedir a entrada de cidadãos do país vizinho e evitar a possibilidade do que classificaram como um iminente "derramamento de sangue".
O ministro da Segurança Institucional da Presidência da República do Brasil, Sergio Etchegoyen, disse que o encerramento da fronteira com a Venezuela é "impensável" e seria "ilegal".
Segundo informações da Agência Brasil, o presidente brasileiro, Michel Temer, reuniu-se ao final da tarde com assessores e decidiu aguardar o relatório da comissão interministerial - que viajou esta segunda-feira até ao estado de Roraima - para tomar mais medidas contenção da tensão entre brasileiros e imigrantes venezuelanos na região da fronteira.
De acordo com estimativas das autoridades brasileiras, cerca de 60 mil venezuelanos entraram no país por Pacaraima no último ano e meio fugindo da crise política e económica na Venezuela.
Grupos numerosos de venezuelanos estão a viver em condições precárias em Pacaraima ou na cidade de Boa Vista, capital de Roraima, facto que gerou uma crise humanitária neste estado que é um dos mais pobres do Brasil.
O Governo central brasileiro criou campos de acolhimento e também anunciou planos para ajudar os venezuelanos reiniciarem as suas vidas em outras partes do país.
Até agora, no entanto, apenas cerca de 800 venezuelanos foram acolhidos em cidades como São Paulo, Manaus, Brasília e Rio de Janeiro.