Cerca de cinco mil pessoas despediram-se este sábado de 19 vítimas da queda de um viaduto em Génova, Itália, numa cerimónia com honras de Estado, no dia em que há uma homenagem nacional.
O funeral realizou-se num dos pavilhões da feira da cidade e contou com a presença do Presidente da República, Sergio Mattarella, do primeiro-ministro, Giuseppe Conte, do vice-presidente, Luigi di Maio, do ministro do Interior, Matteo Salvini, entre outros representantes do Governo.
Os jogadores, dirigentes e equipas técnicas dos dois clubes do primeiro escalão do futebol italiano da cidade compareceram nas cerimónias fúnebres, de acordo com a agência ANSA.
Os jogos da primeira jornada da Serie A de Génova, que conta com os portugueses Iuri Medeiros e Pedro Pereira, e Sampdoria, inicialmente previstos para domingo, foram adiados. Assim, a Sampdoria recebe a Fiorentina em 19 de setembro e o Génova visita o AC Milan em 31 de outubro.
Paralelamente, realizou-se o funeral de outras 19 vítimas que optaram por uma cerimónia privada.
O número de vítimas da queda do viaduto na cidade italiana de Génova subiu para 41, depois de os bombeiros encontrarem entre os blocos de cimento um veículo com três pessoas, um casal e a filha de nove anos.
Segundo os meios de comunicação locais, os corpos têm que ser ainda identificados, mas acredita-se que possa ser a família Cecala, da qual não havia notícias desde a passada terça-feira, quando um troço de cerca de 100 metros da ponte Morandi ruiu.
Estas três vítimas somam-se às 38 identificadas até ao momento, entre as quais se encontram três crianças, permanecendo ainda dois desaparecidos, segundo os dados da Proteção Civil.
O carro foi encontrado completamente esmagado por um enorme bloco de cimento que formava parte do pilar que desabou, na margem esquerda do rio Polcevera.
No local do acidente, as equipas de resgate continuam à procura de vítimas nos escombros.
Na quinta-feira, o procurador da cidade italiana de Génova, Francesco Cozzi, admitiu que poderão existir 10 a 20 pessoas ainda soterradas nos escombros.
O Governo de Itália já admitiu que será "inevitável" que o número de mortos aumente à medida que os trabalhos de resgate prosseguem no terreno.
Entre os 15 feridos contabilizados, 10 ainda permaneciam hospitalizados na sexta-feira, dos quais seis em estado grave.
O executivo italiano exigiu a demissão da direção da empresa Autostrade per l'Italia, filial da Atlantia e responsável pela gestão da ponte Morandi, bem como atribuiu parte da responsabilidade da tragédia às restrições orçamentais impostas pela União Europeia (UE).
Itália presta hoje homenagem nacional às vítimas mas cerimónia não gera consenso
Itália cumpre este sábado um dia de luto nacional pelos 38 mortos confirmados na sequência da queda de uma ponte na terça-feira em Génova, mas a iniciativa não está a gerar consenso, nomeadamente entre os familiares das vítimas.
O dia é marcado pela realização, ao final da manhã, de uma cerimónia fúnebre solene que irá decorrer num salão do centro de exposições de Génova, cidade portuária no noroeste de Itália.
Um dia depois da realização dos primeiros funerais privados, o serviço religioso de hoje será presidido pelos arcebispos de Génova e de Milão e contará com a presença das mais altas figuras do Estado italiano, incluindo o presidente Sergio Mattarella.
Mas esta cerimónia oficial antevê-se potencialmente embaraçosa para as instituições italianas.
Segundo o jornal italiano "La Stampa", as famílias de pelo menos 17 das 38 pessoas que morreram na terça-feira afirmaram que preferem não ir à cerimónia fúnebre solene.
"Foi o Estado que provocou isto (...). O desfile dos políticos tem sido vergonhoso", disse, em declarações ao jornal italiano "Nunzia", a mãe de um jovem de Nápoles (sul de Itália) que morreu na terça-feira quando um troço de cerca de 100 metros da ponte Morandi ruiu.
Nesse dia, várias dezenas de veículos estavam em cima daquele viaduto rodoviário e os carros caíram de uma altura de 90 metros.
"O meu filho não se vai transformar num número na lista de mortos provocados pela falta de eficiência italiana", escreveu nas redes sociais o pai de um outro jovem de Nápoles que também morreu no acidente.
"Não queremos uma cerimónia que seja uma farsa", acrescentou o mesmo familiar.