O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva escreveu uma carta, divulgada esta quarta-feira, na qual afirma que lutará até ao fim para manter a sua candidatura, que foi aprovada pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
"Com o meu nome aprovado na convenção, a Lei Eleitoral garante que só não serei candidato se eu morrer, renunciar ou for arrancado pelo Justiça Eleitoral. Não pretendo morrer, não penso renunciar e vou brigar pelo meu registo até ao final", escreveu.
"A partir dessa aprovação do meu nome pelas companheiras e companheiros do PT, do PCdoB [Partido Comunista do Brasil] e do Pros [Partido Republicano da Ordem Social], passei a ter o direito de disputar as eleições", acrescentou.
Preso desde 7 de abril na sede da Polícia Federal brasileira em Curitiba, Lula da Silva acrescentou, na carta, ter a "certeza de que se a Constituição Federal e as leis do país ainda tiverem algum valor" será absolvido pelos tribunais superiores.
"A expectativa de que os recursos apresentados pelos meus advogados resultem na minha absolvição no STJ [Superior Tribunal de Justiça] ou no STF [Supremo Tribunal Federal] é o que basta, segundo a legislação brasileira, para afastar qualquer impedimento para que eu possa concorrer", afirmou.
"Não estou pedindo nenhum favor. Quero apenas que os direitos que vem sendo reconhecidos pelos tribunais em favor de centenas de outros candidatos há anos também sejam reconhecidos para mim. Não posso admitir casuísmo e o juízo de exceção", completou.
Ao início da noite de hoje, representantes do PT registaram o pedido de candidatura da coligação liderada pelo antigo chefe de Estado brasileiro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pouco antes do final do prazo.
O registo da candidatura de Lula da Silva foi acompanhado por uma série de eventos, incluindo uma grande marcha que reuniu cerca de 40 mil pessoas em Brasília, segundo os organizadores. De acordo com a polícia militar do Distrito Federal, o número de participantes na marcha foi menor, cerca de 10 mil pessoas.
Lula da Silva, de 72 anos, é o favorito em todas as sondagens de intenção de voto para as presidenciais do Brasil, agendadas para 07 de outubro, arrecadando cerca de um terço das intenções de voto, o dobro de qualquer outro candidato.
No entanto, o antigo Presidente foi condenado em duas instâncias da Justiça, facto que poderá exclui-lo da corrida presidencial, segundo a lei eleitoral brasileira.
No processo que o levou à cadeia, Lula da Silva é acusado de ter recebido um apartamento do luxo na cidade costeira do Guarujá como suborno da construtora OAS, em troca de favorecer contratos da empresa com a petrolífera estatal Petrobras.