A mãe do terrorista saudita Osama bin Laden, Alia Ghanem, garantiu que o filho, autor moral dos atentados de 11 de Setembro, era "muito bom rapaz" até que na adolescência conheceu gente "que lhe lavou o cérebro".
Numa entrevista ao diário britânico "The Guardian" publicada esta sexta-feira, Ghanem admitiu que teve "uma vida muito difícil" e descreveu Osama como "um rapaz tímido, mas bondoso" que gostava muito dela.
"As pessoas, na universidade, mudaram-no. Tornou-se uma pessoa totalmente diferente. A verdade é que era muito bom rapaz até que conheceu umas pessoas que, quando tinha 20 anos, lhe lavaram o cérebro", explicou a mãe de Bin Laden na sua casa em Yeda, Arábia Saudita, sentada junto dos irmãos de Osama, Ahmad e Hassan, e do segundo marido, Mohammed al-Attas.
"Poderia dizer-se que estava praticamente numa seita. Eu dizia-lhe que não andasse com eles e ele nunca me admitia o que realmente faziam porque me amava muito", acrescentou a senhora.
Bin Laden radicalizou-se enquanto estudava Economia na Universidade Rey Abdulaziz de Yeda, onde conheceu Abdullah Azzam, um membro da Irmandade Muçulmana que mais tarde foi exilado da Arábia Saudita.
"Nunca poderia ter imaginado que se tornaria um jiadista. Não queria que acontecesse nada disto. Porque atiraria tudo borda fora assim?", interrogou-se Alia Ghanem, que cresceu numa cidade síria de Latakia e se mudou para a Arábia Saudita em meados da década de 1950.
Alia divorciou-se do pai de Osama em 1960, três anos após o nascimento do seu primeiro filho, e mais tarde casou com Mohammed al-Attas.
A família afirma que a última vez que viu Osama foi nas imediações da cidade afegã de Kandahar em 1999, ano em que o visitaram duas vezes.
"A sua base ficava perto do aeroporto que tomaram aos russos. Estava feliz por nos receber e contar-nos tudo. Fizemos, inclusive, uma festa e convidámos toda a gente", recordou Ghanem.
Um dos irmãos de Bin Laden, Ahmad, assegurou, por sua vez, que a mãe "se recusa a culpar" Osama pelo ataque terrorista às Torres Gémeas do World Trade Center, em Nova Iorque, que fizeram mais de três mil mortos, responsabilizando antes o seu círculo próximo.
"Amava-o tanto que não é capaz de o culpar. Atribui a culpa, no entanto, ao seu círculo próximo. Ela só conheceu Osama menino, aquele que todos nós conhecemos também, e não chegou a ver o seu lado jiadista", comentou.
"Foi uma sensação estranha", disse Ahmad quando inquirido sobre os atentados de 11 de Setembro de 2001 às Torres Gémeas e ao Pentágono, acrescentando: "Fiquei petrificado, mas desde o princípio todos soubemos que tinha sido Osama. Sabíamos que íamos sofrer as consequências".