* Cantinho Satkeys

Refresh History
  • JPratas: try65hytr A Todos  101yd91 k7y8j0
    Hoje às 02:46
  • j.s.: try65hytr a todos  4tj97u<z 4tj97u<z
    21 de Novembro de 2024, 18:43
  • FELISCUNHA: dgtgtr  pessoal   49E09B4F
    20 de Novembro de 2024, 12:26
  • JPratas: try65hytr Pessoal  4tj97u<z classic k7y8j0
    19 de Novembro de 2024, 02:06
  • FELISCUNHA: ghyt74   49E09B4F  e bom fim de semana  4tj97u<z
    16 de Novembro de 2024, 11:11
  • j.s.: bom fim de semana  49E09B4F
    15 de Novembro de 2024, 17:29
  • j.s.: try65hytr a todos  4tj97u<z
    15 de Novembro de 2024, 17:29
  • FELISCUNHA: ghyt74  pessoal   49E09B4F
    15 de Novembro de 2024, 10:07
  • JPratas: try65hytr A Todos  4tj97u<z classic k7y8j0
    15 de Novembro de 2024, 03:53
  • FELISCUNHA: dgtgtr   49E09B4F
    12 de Novembro de 2024, 12:25
  • JPratas: try65hytr Pessoal  classic k7y8j0 yu7gh8
    12 de Novembro de 2024, 01:59
  • j.s.: try65hytr a todos  4tj97u<z
    11 de Novembro de 2024, 19:31
  • cereal killa: try65hytr pessoal  2dgh8i
    11 de Novembro de 2024, 18:16
  • FELISCUNHA: ghyt74   49E09B4F  e bom fim de semana  4tj97u<z
    09 de Novembro de 2024, 11:43
  • JPratas: try65hytr Pessoal  classic k7y8j0
    08 de Novembro de 2024, 01:42
  • j.s.: try65hytr a todos  49E09B4F
    07 de Novembro de 2024, 18:10
  • JPratas: dgtgtr Pessoal  49E09B4F k7y8j0
    06 de Novembro de 2024, 17:19
  • FELISCUNHA: Votos de um santo domingo para todo o auditório  4tj97u<z
    03 de Novembro de 2024, 10:49
  • j.s.: bom fim de semana  43e5r6 49E09B4F
    02 de Novembro de 2024, 08:37
  • j.s.: ghyt74 a todos  4tj97u<z
    02 de Novembro de 2024, 08:36

Autor Tópico: Quem diz que o cigano não sabe cumprir horários?  (Lida 413 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão a ver este tópico.

Offline Nelito

  • Membro Satkeys
  • *
  • Mensagens: 19105
  • Karma: +2/-1
  • Sexo: Masculino
  • PORTA-TE MAL MAS COM ESTILO
Quem diz que o cigano não sabe cumprir horários?
« em: 09 de Maio de 2016, 08:26 »
Torres Vedras investe na integração da comunidade cigana através do emprego. Problema é quando acabam os programas nacionais e comunitários. Sem escolaridade obrigatória não podem entrar para setor pública

Os miúdos andavam a portar-se mal, andavam à chapada". Lindo Cambão, o facilitador cigano de Torres Vedras, foi à escola."Tive uma conversa com eles e foi o suficiente, está tudo tranquilo". Liliana Cruz, técnica da divisão de desenvolvimento social, confirma: "Se calhar, se fosse eu teria sido diferente." Lindo também obteve resultados quando falou com os encarregados de educação de uma aluna que não aparecia nas aulas. "Falei duas vezes e foi diferente". Às vezes, "são os pais que já me perguntam como vão as coisas". E, ainda, quando teve de mediar um conflito entre a população e uma família cigana nómada.

Lindo Cambão, 37 anos, 6.º ano, faz a aproximação entre a comunidade cigana e as instituições públicos. É o dinamizador do Grupo de Ação Comunitária (GAC) de Torres Vedras, município que a par de outros seis aderiu ao programa europeu ROMED 2 (ver texto ao lado). Cumpre um horário das 09:00 às 17:00, com direito a gabinete, além das vezes que é chamado para mediar conflitos, dinamizar atividades e ouvir as queixas das suas gentes. E, se antigamente entendia que esses protestos tinham todos razão, hoje percebe o ponto de vista de quem está do outro lado do guichet. "Até pela forma como dizemos as coisas, na nossa linguagem, ajuda a que percebam melhor. E também lhes digo que não pode ser tudo como eles querem e que isso não tem a ver com o facto da funcionária ser ou não antipática".

Lindo era feirante e colabora com a Câmara Municipal de Torres Vedras, desde 2014, ao abrigo da medida CEI +, para desempregados e beneficiários do rendimento social de inserção (RSI). Agora está como estagiário, ganhando 620 euros mensais com o subsídio de refeição, salário pago pela autarquia.

"Pode haver pessoas que gostam de receber o RSI, eu penso que se puder trabalhar, contribuir para a sociedade, é muito melhor, não sou um parasita da sociedade", defende Lindo Cambão. Mas todos os ciganos pensarão assim? "O que eles pensam não sei, agora também não lhes dão oportunidade. O meu irmão pediu emprego num estabelecimento e disseram que era velho. Uma semana depois meteram lá uma pessoa mais velha".

Autarquia e comunidade cigana elogiam a parceria, o problema é garantir a continuidade dos trabalhadores ciganos. "Bem gostávamos de contratar estas pessoas, mas ninguém pode entrar para a função pública sem a escolaridade obrigatória e eles não a têm", justifica Liliana Cruz. É psicóloga, técnica superior na divisão de desenvolvimento social da autarquia de Torres Vedras ocupando-se da habitação social. Conhece bem a comunidade cigana, razão pela qual ficou responsável pela aplicação do programa ROMED 2.

Além de Lindo Cambão, está a pensar na Carina (refeitório), na Filomena (jardim de infância), no Mário e no Danilo (espaços verdes). Estes quatro trabalham desde janeiro ao abrigo da medida CEI+, recebendo 530 euros mensais líquidos com o subsídio de refeição. Brevemente irá juntar-se-lhes um quinto elemento como jardineiro. Têm um horário laboral a tempo inteiro e não há problemas de assiduidade. "Cumpre o horário como as outras, agora imprevistos na vida todos temos e se tiver que se ausentar fala comigo, como é usual", diz Joana Lima, a chefe da Carina. "Além de que a comunidade cigana tem uma família grande e pronta a apoiar".

Os postos de trabalho surgiram no âmbito do trabalho do GAC. O grupo é constituído por voluntários ciganos que identificam os problemas da comunidade. E uma das propostas que fizeram foi a autarquia empregar ciganos. A outra foi um pedido de apoio ao pagamento da renda da sede da Igreja Evangélica local e, em contrapartida, fizeram uma recolha de alimentos para a população carenciada. A próxima iniciativa é uma mostra da gastronomia cigana.

Carina Carmo, 34 anos, tem o 4.º ano, entra às 08:00 no refeitório da Escola EB da Conquinha, e sai às 16:00. Os filhos mais velhos, de 7 e 11, andam na escola, e o mais novo, de 2, fica com a sogra. "Tem corrido bem. A feira já não dá nada. Vim para a cozinha porque era onde gostava de trabalhar". Faz parte da equipa de 11 pessoas que todos os dias confecionam mil almoços.

Carina é a mulher de Lindo, há 14 anos, uma união que escolheram. Querem que os filhos sigam os estudos - Lindo tem esperança que o filho, de 11, se torne uma estrela do hóquei em patins, o rapaz já é disputado - e, ao contrário da maioria dos ciganos, não vive num bairro social. "Não havia casa e fomos para um apartamento. O facto de querermos trabalhar não tem nada a ver com o sítio onde se mora", asseguram. A prova é a prima, Filomena Monteiro, 34 anos. É auxiliar no jardim de infância da mesma escola, das 09:00 às 17:00, enquanto o marido faz as feiras. "Gosto de estar com crianças e tenho um ordenado ao fim do mês. O meu marido achou bem".Tem três filhos, de 4, 7 e 14 anos.

Liliana Cruz ouve e comenta: "A comunidade cigana de Torres Vedras é muito fechada, a mulher trabalhar e o marido ficar em casa, custa a aceitar". Acredita que vai levar tempo, mas que daqui a 50 anos as coisas serão bem diferentes, até "porque estão integrados, os filhos vão à escola, etc". Se têm sucesso escolar é outra questão, que acredita será ultrapassada. Todos da mesma família, também do ex-presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Carlos Miguel, agora secretário de Estado das Autarquias Locais. Liliana Cruz garante que a seleção foi por mérito e ressalva que os ciganos são praticamente todos familiares. Em Torres Vedras há três ramos: os Miguéis, os Fernandes e os Cesteiros.
PORTA-TE MAL MAS COM ESTILO