O Presidente da República defendeu, este sábado, perante centenas de luso-descendentes, que Portugal e o Brasil estão unidos no mundo pela alma.
A ligação, explica, tem resistido às mudanças políticas e é resultado do património acumulado por muitas gerações.
No Teatro Municipal de São Paulo, Marcelo Rebelo de Sousa falou após a intervenção do primeiro-ministro, António Costa, dizendo que este fizera "o discurso do Governo", enquanto a si, chefe de Estado, lhe caberia fazer "o discurso do coração".
E recebeu logo uma primeira salva de palmas quando declarou: "Queremos abraçar essa grande potência mundial que é o Brasil".
"Nós, portugueses, admiramos o Brasil e orgulhamo-nos do Brasil como potência. Cada vez que o Brasil vence, Portugal sente que também vence", declarou o chefe de Estado, falando, depois, no caráter invulgar das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades.
MARCELO QUER PORTUGAL "INDEPENDENTE" E "LIVRE DA SUJEIÇÃO"
"É um dia que tem 28 horas, começou esta manhã no Porto e continua aqui em São Paulo", disse, referindo-se depois aos portugueses na Venezuela: "Quanto mais é o sofrimento por parte de comunidades portuguesas, mais estão no nosso coração".
Perante portugueses residentes em São Paulo e luso-descendentes, uma das mensagens centrais do Presidente da República passou por dizer que Portugal e o Brasil estão "unidos pela alma" e que isso transcende os episódios da política ou da vida económica em cada um dos países.
Neste ponto, Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se à história da sua própria família, com constantes mudanças de vida entre Portugal e o Brasil, "uma história comum a centenas de milhares de famílias, que vivem como se tivessem uma só pátria".
Sem qualquer referência à atual conjuntura política brasileira, o Presidente da República concluiu em síntese: "Podem mudar as políticas, mais para a esquerda, mais para a direita ou mais para o centro, podem mudar as sensibilidades e os tempos, mas continua aquilo que nos une: a alma", apontou.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, une Portugal e o Brasil "um património comum, feito geração após geração, pelo trabalho e pelo esforço".
O Presidente da República deixou também uma mensagem de "gratidão" aos brasileiros, afirmando que "Portugal é aquilo que é hoje graças ao Brasil".
"Portugal tem um território físico, mas tem um território espiritual muito maior. É por causa do território espiritual que António Guterres é secretário-geral das Nações Unidas", acrescentou.