O Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, anunciou, esta sexta-feira, que o Governo vai passar a deter o controlo de todas as minas de ouro e de diamantes do país para evitar que as empresas estrangeiras consigam vender as pepitas sem as declarar.
"Não recebemos muito (dinheiro) da indústria diamantífera", disse Robert Mugabe numa entrevista de duas horas à televisão oficial local, a ZBC.
"O nosso povo não sabe o que se está a passar. O tráfico tem sido muito grande e as empresas mineiras têm estado a roubar a nossa riqueza. Decidimos, assim, que esta área deveria ser um monopólio e que apenas o Estado a deve gerir", acrescentou o chefe de Estado zimbabueano, no poder desde dezembro de 1987.
Em fevereiro, o ministro das Minas zimbabueano, Walter Chidhakwa, indicou que o Governo tinha tomado o controlo de minas de diamantes no distrito de Chiadzwa (leste do país) após as licenças até então atribuídas terem expirado.
Em 2015, o Governo zimbabueano impôs às empresas exploradoras de minas de diamantes, incluindo as "joint-ventures" com as companhias chinesas presentes do distrito de Marange, também no leste do país, a gestão e comercialização da exploração.
A indústria diamantífera zimbabueana tem sido alvo de alegações de abusos aos direitos humanos dos trabalhadores, havendo relatos de assassínios e de tortura, que levaram, entre 2009 e 2011, à proibição internacional da venda de gemas oriundas de Marange.
Os primeiros diamantes no distrito de Marange foram encontrados em 2006, levando milhares de pequenos mineiros para a região, na esperança de se tornarem milionários.