Abul Bajandar pensava estar condenado a viver com cinco quilos de verrugas nas mãos. Pensava que seria para sempre o "homem árvore" do Bangladesh. Já não. A primeira cirurgia foi um sucesso.
A família de Abul não tinha dinheiro para tratar a doença rara que, a partir dos 15 anos, lhe escondeu as mãos. Chama-se "epidermodysplasia verruciformis". É uma enorme camada de verrugas parecidas com as raízes das árvores.
Mas uma notícia da agência France Presse transportou Abul do Bangladesh para todos os jornais do Mundo como um dos três "homens-árvore" vivos. A atenção mediática convenceu as autoridades do seu país a oferecer-lhe o tratamento, num gesto que os mais críticos consideraram como propaganda política.
A primeira cirurgia decorreu no hospital público de Dhaka, o maior do Bangladesh. "Um sucesso", disse um dos cirurgiões. O plano inicial era recuperar 60% da mão direita de Abul, intervindo nos dedos polegar e indicador. Mas o cenário foi tão favorável, que, em duas horas, acabaram por atuar nos cinco dedos e retirar 80% das verrugas.
Rodeada por jornalistas, a mãe não controlou a emoção quando soube que tudo tinha corrido bem. Que o filho tinha agora uma esperança concreta de ter uma vida nova. "Não tenho mais palavras de agradecimento ao Governo do Bangladesh. O meu filho vai recuperar a mobilidade, vai poder procurar trabalho".
Mas o mesmo não disseram outros doentes, que aproveitaram a enorme operação mediática para acusar o hospital de beneficiar Abul e denunciar as pobres condições da maioria das pessoas ali internada.
Alheio a polémicas, Abul, hoje com 26 anos, recupera da cirurgia que vai mudar-lhe a vida. Dentro de três semanas, os médicos irão avaliar as condições para avançar com mais uma intervenção.