Ciência Planetário do Porto investe meio milhão para simular o Universo
O Planetário do Porto está prestes a reabrir ao público depois de investir cerca de 500 mil euros num novo sistema de projeção digital e na renovação da cúpula em que projeta o
Universo.
A atualização do sistema informático e de projeção permite aos funcionários do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto exibir simulações de todo o Universo visível, no que
resulta em cerca de 13,7 mil milhões de anos-luz disponíveis para exploração em cadeiras reclináveis.
"Foi uma autêntica revolução. Costumamos dizer que saímos do século passado e entrámos finalmente no século XXI", disse à Lusa Ricardo Reis, técnico do Planetário que reabre ao
público a partir de 03 de junho.
A principal inovação do equipamento da Universidade do Porto reside na substituição do "projetor optomecânico que só projetava estrelas", segundo Ricardo Reis, que sublinha as
qualidades do novo projetor digital, capaz de exibir vídeo "em todos os 360 graus da cúpula."
"Permite-nos simular não só todo o Universo, mas também passar filmes e documentários imersivos", explicou o técnico, salientando o "'software' extremamente complexo que tem por
base os dados mais recentes" da cartografia universal.
O programa do Planetário do Porto deverá arrancar com três sessões, que variam entre apresentações dedicadas ao público infantil e o ex-líbris do Planetário - uma apresentação feita
pela California Academy of Sciences (Academia de Ciências da Califórnia), que "não só se foca na astronomia, mas também na biologia, geologia ou na química, numa verdadeira história
cósmica da vida", segundo Ricardo Reis.
"De facto, a ciência é interdisciplinar", observa Daniel Folha, diretor executivo do Planetário do Porto, aludindo à sessão em que é possível "entrar" numa folha de sequoia, enquanto a
narração descreve as minúcias da fotossíntese, numa viagem que se estende à origem da matéria e à influência da gravidade na criação de estrelas e planetas.
O Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (UP) tem divulgado as sessões de exploração astronómica desde o início dos anos 1990, de acordo com Daniel Folha, algo que então
se fazia em planetários portáteis, insufláveis e itinerantes, que viajavam de escola em escola até à inauguração do planetário fixo, em 1998.
Desde então, o diretor executivo do Planetário do Porto congratula-se em receber alunos da licenciatura em Astronomia da Faculdade de Ciência da UP que "começaram a ficar com esse
interesse quando o planetário portátil os visitou no ensino básico".
"Imagino que muitos alunos tiveram um interesse pelas ciências que foi espoletado por essas visitas", considerou Daniel Folha, sublinhando a importância da "revolução" tecnológica
daquelas projeções cósmicas que espera virem despertar "o bichinho pela ciência" em futuras crianças que entrem no edifício para olhar o céu.