Antigo presidente da PT garante que o dinheiro foi devolvido e que "não houve intenção de ocultação"
Não foi uma remuneração, compensação ou contrapartida, garante Zeinal Bava, mas a ES Enterprises transferiu 18,5 milhões de euros para uma conta bancária no estrangeiro do antigo presidente da PT. A notícia é avançada pelo Expresso, que refere que a transferência foi feita pelo chamado "saco azul" do Grupo Espírito Santo em 2012 e que Bava devolveu o dinheiro no início deste ano, com juros, à ES International, com sede no Luxemburgo.
De acordo com Zeinal Bava, o valor foi-lhe "confiado a título fiduciário, consignado a uma finalidade legítima a concretizar em tempo futuro". O antigo presidente da PT revelou ainda que "o objeto do contrato era financiar a aquisição de ações da PT por um grupo de altos quadros da empresa", que o próprio tinha intenção de convidar e dependia da privatização total da PT.
'Saco azul' do Grupo Espírito Santo mantido em segredo mais de 20 anos
Não tendo a privatização da PT sido concretizada naquele período, e tendo Bava deixado a empresa em 2013 para liderar a brasileira Oi, a aquisição das ações nunca chegou a ser feita. Quando quis resolver o contrato e devolver o montante em questão, deparou-se com um "obstáculo jurídico", conta o Expresso, já que o colapso do Banco Espírito Santo deixou dúvidas quanto à entidade que deveria receber o reembolso dos 18,5 milhões. Só mais tarde os gestores do Luxemburgo da ES International, detentora da ES Enterprises, confirmou estar em condição de operacionalizar a devolução.
Bava não quis dar ao semanário pormenores sobre a conta para onde o dinheiro foi transferido, nem se estava ligada a uma offshore, como acontecia com a ES Enterprises, conforme foi revelado pelos Papéis do Panamá, divulgados à revelia da Mossack Fonseca, a empresa panamiana de gestão de património. O antigo presidente da PT confirmou apenas que a conta no estrangeiro estava em seu nome, demonstrando que "não houve qualquer intenção de ocultação".
A lista de pagamentos da ES Enterprises, que enviaria verbas a várias personalidades públicas portuguesas, já está na posse do Ministério Público para investigação.