"Não façam mal à minha filha!" Foram estas as últimas palavras de João Paulo Fernandes, o empresário de Braga, de 42 anos, raptado na noite do dia 11, em Lamaçães, por dois homens, na garagem do prédio onde vive, o número 37 da Avenida Dr. António Palha.
Duas semanas depois do rapto e sem o empresário dar sinal de vida, a família vive "em desespero" e amparada por psicólogos. Acreditam que Paulo ainda está vivo, mas não deixam de temer o pior. "Confio na PJ, que está a fazer tudo para encontrar o meu filho", diz, ao JN, o pai da vítima, Fernando Fernandes.
Pistas em análise para desvendar rapto de empresário bracarense
Sobre o rapto, à medida que o tempo passa vão surgindo mais pormenores. Sabe-se agora que os raptores seguiram Paulo num Mercedes até à garagem do prédio. O empresário estava acompanhado da filha, de oito anos, que ouviu a ameaça - "vamos-te matar" - e viu o pai ser atacado com uma coronhada na cabeça. No chão ficou um rasto de sangue.
O pai foi manietado e metido no carro. A criança correu, depois, até à Farmácia Lamaçães, onde foi assistida por uma funcionária.
Os dois homens - um terceiro estaria ao volante - fizeram tudo para não deixar vestígios que levassem à sua identificação por ADN. Por exemplo, tinham gorros na cabeça, presume-se que para evitar a queda de cabelos ou outros vestígios biológicos que a PJ pudesse analisar, e usavam luvas. Por outro lado, o rapto foi feito a meio da garagem, quando João Paulo ia abrir a porta, pelo que não há vestígios na sua viatura, que foi deixada no local.
O grupo fugiu pela Variante de Braga e pelo caminho deitou fora os dois telemóveis da vítima, impedindo a sua localização. Tudo sinais de uma ação profissional.
A primeira pista que a Polícia Judiciária do Porto seguiu foi a de o rapto servir apara intimidar o empresário e a família, dado ele ser testemunha - a mais importante - num processo cível (uma ação pauliana de restituição de bens) em que estão em causa dois milhões de euros do pai.