Um presidente da República mais interventivo, comunicador, independente e próximo, fazendo de Belém uma instituição mais ativa são as expectativas dos politólogos sobre Marcelo Rebelo de Sousa, que sucede a Cavaco Silva, um chefe de Estado muito institucional.
Na quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa toma posse como Presidente da República, terminando um período de dez anos de Cavaco Silva como chefe de Estado e, à agência Lusa, o politólogo António Costa Pinto (Instituto de Ciências Sociais) traça diferenças em termos de personalidade e passado político dos dois sociais-democratas.
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"No caso de Marcelo é fundamentalmente um analista, um professor universitário, com experiência política, mas que chega ao cargo com muito maior autonomia, inclusivamente perante os partidos políticos e aquilo que foi o seu próprio eleitorado. Tem também uma vasta independência justamente em relação ao sistema político", defendeu, contrastando com o "longuíssimo percurso político" de Cavaco Silva.
Já André Azevedo Alves (Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica) começa por destacar a base social de apoio como uma semelhança entre os dois presidentes, considerando que é nas características pessoais que "há diferenças acentuadas".
Enquanto Cavaco teve uma "interpretação relativamente auto restritiva" do cargo, já Marcelo acabará por ser "bastante mais ativo e interveniente, em especial em momentos de crise".
"A forma como Marcelo foi eleito e a relação bastante conturbada com a atual liderança do PSD, de facto faz com que a sua vitória tenha sido com um cunho mais pessoal e, com esta liderança do PSD, seria ridículo dizer que de alguma forma Marcelo irá atuar como um agente de Pedro Passos Coelho", considerou ainda.
Por seu turno, Costa Pinto antecipa que a "grande interrogação" sobre Marcelo é, "até que ponto, será um Presidente estritamente institucional" ou se vai tentar, "usando os seus poderes formais ou informais, fazer da Presidência uma instituição mais ativa sobre o sistema político".