Há quase dois anos que Francisco Santos e Manuel Carinha estão no fundo do mar. Foram dois dos cinco pescadores das Caxinas que perderam a vida no naufrágio do "Mar Nosso".
Ninguém quis pagar os 300 mil euros necessários para resgatar os corpos, presos no interior do barco. As viúvas já perderam esperança, mas não perdoam a armador e governos, que não ajudaram a trazer para casa os dois homens do mar, que a 17 de abril de 2014 naufragou ao largo das Astúrias, em Espanha.
"Só queríamos ter os corpos aqui. Poder fazer o funeral, ter uma campa, mas ninguém os quis ir buscar", diz Alexandrina Carinha, viúva de Manuel Carinha. Custa--lhe falar e a dor é "enorme", "um luto inacabado", que não se fecha.Voz embargada, olhos cheios de lágrimas, suspira: "A vida nunca mais foi a mesma...Era um milagre...". O milagre nem parece ser impossível: pagar 300 mil euros para que uma equipa de mergulho pudesse ir ao interior do barco resgatar os corpos dos dois pescadores ou, em alternativa, trazer o barco para a superfície. Mas ninguém quer pagar a conta.