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Autor Tópico: Recusou a proposta do Boavista para se tornar skater profissional  (Lida 785 vezes)

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Offline henrike

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Trocou os campos de futebol, os balneários com os colegas, as estadias em hotéis de luxo, o preço da fama por... Tijolos, atalhos, manobras, cimento e rampas. Não precisa de muitas palavras para se explicar, apenas ´um amor à primeira vista´ foi suficiente. Tudo começou quando aos nove anos experimentou andar de skate pela primeira vez, num dos bairros da cidade Invicta, onde o primo morava. Na altura, Jorge Simões jogava futebol na Foz, clube com um enorme historial no Desporto Rei e no Atletismo. Era o orgulho do pai, também ele um apaixonado pela modalidade que chegou a ser guarda-redes. Jorge teve a oportunidade de vestir a camisola do Boavista mas recusou. Preferiu as tábuas e a adrenalina. E não se enganara. A ´jogar em casa´ superou todos os adversários e venceu o título mundial do ´Red Bull Skate Arcade´. Trocou o desporto dos milhões por horas e horas a vaguear sozinho pelas ruas. Praticava o que apreendia a saltar na PlayStation, com o jogo de vídeo do Tony Hawk. Pode ter cara de menino, mas os pés já têm muita história para contar. Já viajou por aqui e acolá, e enquanto explorava cada parte do mundo, o resto ficava para trás. A família, a escola... Tudo pelo sonho de um dia se tornar skater profissional.

«Às vezes caio e já nem me dói, parece que tenho calo», é desta forma que Jorge Simões explica a relação que tem com o skate. «Faço o que gosto e não por obrigação. Não tenho treinos nem horas para andar. Se quiser ir vou, se não quiser, não vou». Nascido e criado no Porto, foi em Lisboa que, aos 20 anos e perante mais de 2000 adeptos e os melhores skaters de 16 países diferentes, subiu ao pódio e sagrou-se campeão mundial do ´Red Bull Skate Arcade´. «As emoções estavam à flor da pele até ao último segundo, mas sabia que vinha bem preparado e só pensava em ir mais longe do que fui há dois anos, quando fiquei em segundo lugar nesta mesma competição em Barcelona». Mas a sua história começou muito antes disso. Já não vê o skate como uma mera modalidade, é o seu confidente e meio de transporte, ´faça chuva ou faça sol´.

Da carreira no Boavista às ruas sozinho a andar de skate
Jorge Simões tinha apenas nove anos quando se apaixonou. «Foi através do meu primo, antes jogava futebol. Um dia fui ter com ele ao bairro e pela primeira vez experimentei andar de skate e adorei». O amor pela prancha foi inesperado. Na altura, Jorge já era um desportista, jogava futebol no clube da Foz. Era o orgulho do pai, um amante do desporto rei que também praticou a modalidade, chegou a ser guarda-redes. Jorge era ainda uma criança, mas desde cedo foi obrigado a tomar decisões importantes.

Encarado como uma jovem promessa em ascensão no futebol, foi quando recebeu o convite do Boavista que percebeu que estava no desporto errado. Afinal o que queria mesmo era ser ´skater´. De imediato pediu um skate à mãe, que não lho deu. Pediu à avó, e teve sorte. E assim tudo começou. Ir e vir da escola, comer e dormir e, obviamente andar de skate tornou-se a sua rotina.

Aos 14 anos conseguiu o primeiro patrocínio e dois anos depois, Jorge tornou-se campeão nacional pela primeira vez. Aos 18 conquistou o segundo lugar no pódio numa prova espanhola do circuito mundial, atrás de outro português.
Jorge Simões é hoje uma das promessas do skate português e mundial, e não precisou de professor. Tudo o que sabe, apreendeu na rua através dos amigos que foi conhecendo nos bairros da Invicta. Antes disso, passava horas em casa em frente à PlayStation agarrado ao jogo de vídeo do Tony Hawk - ´Tony Hawk´s Pro Skater´.

«Quero uma tábua com o meu nome»
Embora ganhe a sua vida a praticar o desporto que mais gosta, ainda são muitos os sonhos por conquistar. «Gostava de ir viver para os Estados Unidos da América. Embora já vá lá algumas vezes, gostava de me mudar para lá, que é o centro da cultura do skate. Um dia quero ser profissional».

Para Jorge Simões ser profissional no skate, ´não é apenas ganhar torneios´. «Só és profissional quando tens uma tábua com o teu nome. É merecer um lugar entre os melhores, recebendo de um patrocinador uma linha de pranchas com o teu nome. Aí sim, parte do sonho estará completa».

As viagens em troca da escola
A ambição de Jorge Simões é ser ´skater profissional´, mas não deixa de ter outros planos para o futuro. «Gostaria de trabalhar no meio audiovisual, fotografia ou vídeo». O portuense estudava artes na Escola Artística Soares dos Reis, mas o preço das viagens constantes, obrigaram-no a abandonar os estudos. «Deixei a escola no 10º ano, reprovava por faltas quando tinha de ir viajar, então acabei por desistir. Gostava de terminar, mas não tenho tempo para isso. Talvez mais tarde. Gostava de acabar o 12º já que não tenho ideias de ir para a faculdade».

Ao olhar para trás, Jorge Simões recorda o que foi a sua vida nos últimos onze anos. Não sente falta do futebol, orgulha-se de ser um ´skater´ afamado, mas sabe que de certa forma ´desiludiu o pai´ e tem pena que os ´skaters´ ainda sejam encarados como marginais por grande parte da população. «Para mim não foi difícil esquecer o futebol, só para o meu pai. Ele queria muito que jogasse futebol». Tudo o que sabe, Jorge aprendeu no Porto, mais precisamente nas ruas onde já se fartou de cair e quem ainda hoje, o mandam ´ir trabalhar ou estudar´ quando o veem a passar na tábua. «Ainda há pessoas que encaram o skate como um ato de vandalismo...».






















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