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Autor Tópico: Encarnação de José de Alencar  (Lida 969 vezes)

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ajn

  • Visitante
Encarnação de José de Alencar
« em: 18 de Outubro de 2010, 11:27 »
Encarnação de José de Alencar



O livro Encarnação, de José de Alencar, só foi publicado em 1877, postumamente. É o último dos romances urbanos do autor. As personagens femininas de Alencar propõem-se, inicialmente, como retratos emoldurados pela marca da firmeza, da inteligência e do espírito crítico. À medida que a narrativa se desenvolve revelam-se como duplos da personagem masculina e confirmação do seu desejo.
A personagem feminina, criada no registro masculino, não coincide com a mulher real do cotidiano. No espaço da ficção, nasce a heroína literária romântica sempre pronta a ser o desejo do seu herói. No texto, surge uma miragem de mulher, tornando-se um modelo a seguir.
Encarnação é o elogio da submissão.No início do romance, Amália é aquela que zomba do amor romântico, do homem ideal ? Fênix dos maridos. Entretanto, ela mesma torna-se a Fênix de um desejo alucinado. Quando Hermano fica viúvo, ela procura a todo custo conquistar o seu amor. Bem narcisista, ela vê em Hermano a possibilidade de realização de um sonho, de preenchimento do seu tédio, de esperança de plenitude. A diferença é que Amália morre enquanto Amália, mas Hermano permanece o mesmo. O processo de conquista implicará a transformação de Amália em Julieta, por meio de um jogo de gestos, penteados e hábitos da esposa morta, até que Hermano, confundindo as duas mulheres, acabará por apaixonar-se por Amália e realizar-se no imaginário desse amor de conjunção total. Com esse jogo, Amália perde sua identidade. Hermano se apaixona por um ideal. Amália pode ser considerada o protótipo da submissão a um modelo patriarcal, por legitimar o narcisismo de Hermano. Ideal masculino, submissa, por isso é heroína.
No título Encarnação está implícita a atitude de Amália ao assumir a identidade de Julieta para conquistar o amor de Hermano.
Os espaços principais no romance são: o cotidiano da vida cortesã no Rio de Janeiro, segunda metade do século XIX, casa do Sr. Veiga (pai de Amália), casa de Hermano (ao lado), quarto de Julieta (cristalização de um passado), casa em ruína (libertação da imagem de Julieta morta, da obsessão).
O olhar sustenta a ficção. No romance, Amália cria sua ficção e faz dela a sua vida. A curiosidade e o olhar para as casas vizinhas estruturam o enredo e permitem o conhecimento e o contato entre os protagonistas.
As manifestações lúdico-musicais (ópera, teatro, piano, canto, sarau) comparecem nos romances urbanos de Alencar como ingredientes da ?escolhida sociedade? da corte. Os eventos servem de aproximação e definição do par amoroso. O canto funciona como uma chave que abre a passagem entre o mundo da fantasia e o mundo da realidade, entre a mulher imaginada e a mulher com quem depara. Depois quebra a indiferença inicial entre Hermano e Amália. Esta percebe o sentido simbólico da ópera Lúcia de Lammermoor e a executa, com a intenção de atrair sua atenção.
São, ainda características marcantes na obra: foco narrativo entre primeira e terceira pessoas, metalinguagem, linguagem rica e minuciosa, enredo perfeito, grande suspense Vale a pena conferir a incapacidade de lidar com o passado de Hermano e a curiosidade e compulsão de olhar da personagem Amália.





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« Última modificação: 02 de Novembro de 2012, 14:22 por sevla »

sevla

  • Visitante
Re: Encarnação de José de Alencar
« Responder #1 em: 02 de Novembro de 2012, 16:14 »