Como alertar as crianças para os perigos dos ecrãs
As novas tecnologias são mais do que meros gadgets. São, dizem os académicos, um vício formal e está na hora de alertar os mais novos para os perigos de passarem os dias colados a
ecrãs.
Marshall McLuhan lançou o alerta há 51 anos. Numa altura em que os meios de comunicação não passavam do jornal, da rádio e da então recente televisão, este sociólogo afirmava que
o “meio é a mensagem” e que os meios de comunicação eram uma extensão do homem.
Em 1964, as palavras deste socialista geraram uma onda de controvérsia mas, na verdade, nada mais fizeram do que prever o futuro e espelhar os tempos modernos. Os meios de
comunicação – sejam papel, televisão, rádio, internet – são uma extensão do homem e não só. Os académicos alertam para os perigos relacionados com esses novos meios (leia-se os
gadgets) e já os classificam como “vício formal”.
A dependência das novas tecnologias é um distúrbio da atualidade e que afeta, em especial, os mais novos. Denominados cientificamente de ‘web junkies’, as crianças são as mais
dependentes dos novos dispositivos de comunicação e passam horas a fio diariamente ‘coladas’ a ecrãs.
O corpo académico tem vindo a alertar para os perigos desta dependência tecnológica e o Huffington Post vem agora, com base em depoimentos de especialistas, ensinar aos pais as
melhores formas de controlar este vício dos filhos e como alertá-los para o perigo dos ecrãs.
1. Não limitar o tempo de uso
Estabelecer horas e limites no uso das novas tecnologias é uma das formais mais usadas pelos pais para contornar este vício dos mais novos, contudo esta regra apenas fará com que
os mais novos olhem para os equipamentos tecnológicos como fruto proibido e queiram usá-lo. Um estudo recente levado a cabo no Líbano vem mesmo indicar que as crianças com
horários para usar gadgets acabavam por passar mais tempo em frente aos ecrãs.
Michael Rich concorda com esta recente teoria e aconselha os pais a ocupar o tempo livre dos filhos de outra forma que não seja com o recurso a computadores, telemóveis, tablets,
televisões ou consolas.
As atividades ao ar livre, os passeios e, agora no verão, as idas à praia ou à piscina são as melhores opções.
2. Olhar para o próprio comportamento
De nada vale proibir um filho de estar em frente ao tablet quando, na verdade, os pais passam o dia agarrados ao telemóvel e ao computador. Para o especialista James A. Roberts, o
primeiro exemplo deve partir dos pais e as regras impostas em casa devem ser para todos, não apenas para as crianças.
Desincentivar o uso de telemóveis e tablets à horas das refeições, na cama e durante as reuniões familiares é uma forma de incutir alguma responsabilidade e consciência às crianças.
3. Analisar o comportamento dos mais novos
Diz o Huffington Post que as crianças que usam a internet de forma recorrente são as mais propensas a ter depressão, hiperatividade e pensamentos suicidas. Para Jamie Howard, estas
consequências podem não ser gerais, mas os pais devem estar atentos aos comportamentos dos mais novos.
Esta psicóloga clínica diz que muitas crianças são tão dependentes das novas tecnologias que as vêm como algo de extrema necessidade, acabando por ter imensa dificuldade em tolerar
a separação dos gadgets, desencadeando-se, com isso, situações de ansiedade, depressão e até mesmo bullying.
Ouvir os que os mais novos têm a dizer sobre os gadgets, alertar para os perigos e dar o exemplo são as regras chave para evitar uma dependência mais aprofundada, que poderá ainda
colocar em causa a capacidade da criança ter relações sociais de forma presencial.