Depois do Parlamento e de Armação de Pêra, foi a vez de Aver-o-Mar, na Póvoa de Varzim. Um grupo de professores acampou, esta terça-feira, em protesto à porta da escola. Anos e anos de "casa às costas", o modelo previsto para os novos Quadros de Zona Pedagógicas (QZP), a contagem do tempo de serviço e as quotas de acesso ao 5.º e 7.º escalões estão no topo das críticas. Na vigília, o caixão da Educação lança o alerta: "o cangalheiro António Costa quer matar a escola pública".
"Com estas "novidades" do Ministério da Educação pertencemos a um QZP. Podemos ser chamados a dar aulas em dois agrupamentos, num raio de 50 quilómetros, com as deslocações por nossa conta. É lamentável, inaceitável. Dou aulas há mais de 20 anos e continuo a ser precária", reclama Isabel Pessoa, uma das organizadoras do protesto.
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Isabel é professora de Ciências do quadro do Agrupamento de Escolas de Aver-o-Mar. Há seis anos, com o marido também "professor de casa às costas", mudou-se de Celorico de Bastos para a Póvoa na tentativa de juntar a família. Agora, com dois filhos de 7 e 15 anos, teme que as novas alterações propostas pelo governo não só "não resolvam nada, como ainda piorem". Para além dos QZP, preocupa-a ainda os novos conselhos de diretores: "com que projetos educativos? Baseados em que critérios subjetivos?".
"Querem que a gente se movimente, com os nossos recursos, sem progressão na carreira e com quotas para acesso ao 5.º e 7.º escalões", reclama.
Na vigília, ontem à noite, estiveram largas dezenas de professores da Póvoa, de Vila do Conde e de Esposende. Depois, simbolizando a precariedade em que vivem, um grupo de dez, entre professores e assistentes operacionais, dormiu à porta da EB 2,3.
"O apoio da comunidade educativa foi extraordinário. Às 2h00, tínhamos aqui encarregados de educação a trazer pão com chouriço, bolos, bebidas quentes. As pessoas percebem que da escola saem todos os profissionais. Se queremos ter bons profissionais, temos que proteger a escola pública", frisa, acusando o governo de tentar "manipular" pais e opinião pública contra os professores, "protelar as negociações e vencer os professores pelo cansaço".
De manhã, apesar do frio e do vento terem ditado uma noite "complicada", eles que, desde sempre garantem ser "os mais preocupados com os alunos", foram dar aulas.
A também dirigente do Sindicato de Todos os Profissionais de Educação (STOP) garante que a luta vai continuar e ainda acredita num volte face do governo, "a bem da escola pública". O STOP vai reunir em Coimbra, no sábado, as comissões de greve para decidir as próximas formas de luta.