Apesar do programa cheques-dentista, o nosso país é o segundo pior da Europa na saúde dentária entre os mais novos, revelou o Eurostat.
A maior percentagem de crianças com necessidades médicas a nível dentário da Europa situava-se, em 2017, na Letónia (7,3%), em Portugal (6%) e na Espanha e na Roménia (ambas com 5,7%), divulgou hoje o gabinete de estatísticas da Comissão Europeia.
As razões para a falta de cuidados a este nível, sublinhou o Eurostat, ficam a dever-se a motivos diversos, tais como a incapacidade de pagar o tratamento, as longas listas de espera, a distância até aos locais de tratamento ou a falta de transporte para esses locais ou a falta de tempo para cuidar dos membros da família devido ao trabalho.
Olhando os resultados do estudo à lupa, essa falta de cuidados com a saúde oral das crianças é maior no caso das famílias monoparentais, em que 8,1% das crianças carecem de assistência, descendo o valor para 5,8% no caso dos lares onde a criança tem presentes dois adultos.
O estudo sobre saúde oral está incluído sobre o estado de saúde geral das crianças na Europa, divulgado há dias pelo Eurostat, e em que Portugal se situa abaixo da média europeia: apenas 90,2% das crianças com menos de 16 anos têm um estado de saúde bom ou muito bom face a uma média de 95,9% na União Europeia. O país possui, ainda, a mais elevada média de crianças (8,7%) com um estado de saúde apenas razoável e está, novamente, acima da média de 0,8% no que respeita a crianças com saúde má ou muito má (1,1%).
Em 2017, o III Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais indicava que 45% das crianças portuguesas tem cáries dentárias - menos do que os 49% de 2006, mas ainda assim muito acima do desejável num país onde, desde há uma década, o Plano de Nacional de Promoção de Saúde Oral distribui milhões de cheques-dentista a crianças, grávidas e idosos. Distribuídos pelas escolas públicas aos alunos em condições de beneficiar do acesso a tratamentos, os cheques-dentista não chegam, todavia, a todas as crianças, como denunciou a Ordem dos Médicos Dentistas. Os que frequentam escolas privadas sem contrato de associação, tal como as grávidas não acompanhadas no Serviço Nacional de Saúde ou os idosos sem complemento social acabam por não ter acesso ao programa.