O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deu este domingo início a exercícios militares que vão prolongar-se até sexta-feira, com um discurso onde voltou a acusar o seu homólogo dos EUA, Donald Trump, de pretender intervir no país.
"Que Donald Trump não nos ameace. Fora Donald Trump da Venezuela, fora as suas ameaças, aqui há força armada e aqui há povo para defender a honra, a dignidade e o decoro de uma pátria que luta há mais de 200 anos", disse Nicolás Maduro numa cerimónia com militares no estado Miranda, arredores de Caracas.
No seu discurso, transmitido pelo canal estatal VTV, o líder venezuelano anunciou que aprovará os investimentos necessários para que a Venezuela "possua todo o seu sistema de defesa antiaérea e antimíssil".
"Para tornar os nossos lugares e povoações locais inexpugnáveis, inexpugnáveis por ar. Por terra não se podem meter porque aqui estão os soldados de Bolívar que fariam pagar caro ao império norte-americano qualquer ousadia de tocar o solo sagrado da pátria venezuelana", prosseguiu, citado pela agência noticiosa Efe.
Estas manobras, que incluem civis e militares, foram convocadas por Maduro após o parlamento, controlado pela oposição, não o reconhecer como presidente legítimo desde janeiro, quando se iniciou o seu segundo mandato após reeleito numa eleição presidencial considerada ilegítima pela União Europeia (UE).
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente da república interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro, com a missão de realizar eleições presidenciais livres e transparentes.
Guaidó conta com o apoio de cerca de 50 países, incluindo os Estados Unidos e a maioria dos Estados-membros UE, nomeadamente Portugal.
Os Estados Unidos têm reiterado que consideram todas as opções incluindo a militar, para derrubar o poder "chavista" da Venezuela, argumentando com a greve crise que atravessa o país.
À crise política na Venezuela, onde residem cerca de 300 mil portugueses ou lusodescendentes, soma-se a uma grave crise económica e social, com escassez de bens e serviços essenciais, que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.