Bruno de Carvalho e Mustafá chegaram ao Tribunal do Barreiro, pelas 09.40 horas, para serem ouvidos pelo juiz de instrução criminal, no âmbito do ataque à Academia de Alcochete, em maio.
O ex-presidente do Sporting e Mustafá (Nuno Mendes), líder da Juventude Leonina, foram detidos no domingo e permaneceram nas instalações da GNR de Alcochete e do Montijo, respetivamente.
Os detidos chegaram ao tribunal transportados em veículos ligeiros com vidros escurecidos e entraram na garagem no tribunal por uma via de acesso em sentido contrário - uma "manobra" adotada pelas autoridades para evitar que os veículos passassem junto dos jornalistas que estão no local.
O interrogatório judicial estava agendado para as 10 horas mas as diligências só começaram após as 11 horas. A greve dos funcionários judiciais motivou o atraso do início dos trabalhos, uma vez que o juiz de instrução criminal Carlos Delta não optou pela substituição de um dos três funcionários na secção de instrução criminal do Tribunal do Barreiro.
Devido à greve há ainda duas novas paragens programadas esta terça-feira: das 12.30 horas às 13.30 horas e às 16 horas, sendo previsível que os trabalhos só recomecem na quarta-feira.
Os funcionários judiciais cumprem uma greve a tempo parcial, a nível nacional, da meia-noite às 11 horas, das 12.30 horas às 13.30 horas e das 16 horas às 24 horas, desde 5 de novembro e até 31 de dezembro.
O mandado de detenção de Bruno de Carvalho revela que o ex-presidente do Sporting está indiciado por 56 crimes, um deles de terrorismo, na sequência do ataque a Alcochete.
Com as detenções de Bruno de Carvalho e Mustafá, são 40 os detidos na sequência das agressões a funcionários e jogadores na Academia do Sporting, em Alcochete, a 15 de maio. Estão em prisão preventiva 38 arguidos, dos quais 23 foram detidos no dia dos acontecimentos, e os restantes em junho e julho. Entre eles, está o antigo líder da claque Juventude Leonina Fernando Mendes e Bruno Jacinto, Oficial de Ligação aos Adeptos.
Os 38 arguidos que aguardam julgamento em prisão preventiva são todos suspeitos da prática de diversos crimes, designadamente de terrorismo, ofensa à integridade física qualificada, ameaça agravada, sequestro e dano com violência.
Bruno de Carvalho, que à data dos acontecimentos liderava o clube, foi, entretanto, destituído em Assembleia-Geral e impedido de concorrer à presidência do clube, atualmente ocupada por Frederico Varandas.
Após este episódio, alguns futebolistas rescindiram contrato com o Sporting. Rui Patrício, Rafael Leão, Daniel Podence e Gelson Martins saíram em litígio com o Sporting e transferiram-se para outros clubes, enquanto Ruben Ribeiro ainda está sem clube.
Bas Dost, Bruno Fernandes e Rodrigo Battaglia voltaram atrás na decisão de abandonar o Sporting, enquanto William Carvalho saiu para o Betis, de Espanha, após acordo do clube espanhol com os "leões".