O Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO) está a racionar as colheitas de sangue da Patologia Clínica aos doentes internados. Quem o denuncia é o Sindicatos Independente dos Médicos (SIM) que já enviou uma queixa formal à Entidade Reguladora da Saúde.
A Administração do CHLO admite que estas análises "são agendadas nos serviços de internamento, para serem colhidas por Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (TSDT) da Patologia Clínica, em dias alternados".
"No Hospital de São Francisco Xavier, por exemplo, em Cirurgia só se fazem colheitas à terça e à quinta-feira. Se as análises forem pedidas na sexta, o doente só as realiza na terça-feira seguinte. Em termos práticos, isto pode implicar mais dias de internamento e até o agravamento de uma situação que não foi logo detetada", avançou Roque da Cunha, membro do SIM.
Roque da Cunha denuncia ainda que "nos dias em que são realizadas as colheitas, estas podem prolongar-se até às 13 horas (os doentes ficam a aguardar toda a manhã para lhes ser colhido o sangue)" e que "o hospital referiu por escrito que mesmo em situações excecionais poderão não ser efetuadas todas as colheitas".
A situação verifica-se desde o mês de agosto, mas "só agora o SIM recebeu toda a documentação que lhe permitia fazer a denúncia", explicou. "Escrevemos hoje [ontem] à Entidade Reguladora da Saúde, porque isto é insustentável. O Serviço Nacional de Saúde está cada vez pior. Não há técnicos suficientes e decidem racionar as colheitas, em vez de contratar mais pessoas", lamentou.
Em comunicado, a Administração do CHLO admitiu que as análises de rotina são agendadas nos serviços de internamento, para serem colhidas por técnicos superiores da Patologia Clínica, "em dias alternados".
Técnicos dão mais horas
O hospital acrescentou ainda que, até ao final de agosto, "o CHLO tinha 296 horas de TSDT na Patologia Clínica e recentemente passou a contar com 455 horas de TSDT", pelo que "uma reestruturação no âmbito das colheitas de rotina está a ser realizada".
No mesmo comunicado pode ainda ler-se que "em alguns outros hospitais, que não fazem parte do CHLO, a colheita é realizada pelos profissionais dos serviços de internamento", não havendo uma competência exclusiva dos TSDT.
Roque da Cunha garante que o que está a acontecer no CHLO é que "além de não contratarem mais técnicos, os que existem estão no limite, a trabalhar horas atrás de horas, sem que lhes sejam pagas horas extraordinárias".
"Fica à vista de toda a gente o desinvestimento e a degradação progressiva do nosso Serviço Nacional de Saúde".